Alda do Espírito Santo, escritora de São Tomé e Príncipe

Alda do Espírito Santo, escritora de São Tomé e Príncipe
Alda do Espírito Santo, de São Tomé e Príncipe

Amílcar Cabral, escritor de Guiné-Bissau

Amílcar Cabral, escritor de Guiné-Bissau
Amílcar Cabral, escritor de Guiné-Bissau

Pepetela, escritor de Angola

Pepetela, escritor de Angola
Pepetela, escritor de Angola

Mia Couto, escritor de Moçambique

Mia Couto, escritor de Moçambique
Mia Couto, escritor de Moçambique

Alda Lara, escritora de Angola

Alda Lara, escritora de Angola
Alda Lara, escritora de Angola

Armênio Vieira, escritor de Cabo Verde

Armênio Vieira, escritor de Cabo Verde
Armênio Vieira, escritor de Cabo Verde

Agostinho Neto, escritor de Angola

Agostinho Neto, escritor de Angola
Agostinho Neto, escritor de Angola

Agualusa, escritor de Angola

Agualusa, escritor de Angola
Agualusa, escritor de Angola

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Lei 10 639/03 aplicada no Brasil: literaturas africanas na escola

02 DE AGOSTO DE 2010.
Caros acadêmicos, realizei o post do texto abaixo, contribuindo para que você apreenda o teor da Lei 10.639/2003 acerca do ensino da história e da literatura dos países africanos lusófonos. Boa leitura.
Após a leitura, faça o seu comentário abaixo.


Lei 10 639/03 aplicada no Brasil: literaturas africanas na escola

A Lei 10 639, de 9 de Janeiro de 2003, revista pela Lei Ordinária nº 11 645,de 10 de março de 2008, na verdade altera e complementa a Lei 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei máxima da educação no Brasil, portanto.

As duas leis que alteram a LDB o fazem no sentido de incluir os segmentos indígena e afro-descendente da população brasileira, relegados por muito tempo a papel secundário a partir da própria legislação educacional. Para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade do estudo da história e cultura das populações afro-brasileira, africanas e indígena o governo Lula estabeleceu essa legislação e o Conselho Federal de Educação emitiu o Parecer CNE/CP Nº 3/2004, em 10.3.2004, e a Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004, que regulamentam as alterações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional traçando as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico -Raciais e para o Ensino de História e Culturas Afro-Brasileira e Africana.

Este conjunto jurídico busca cumprir o estabelecido na Constituição Federal nos seus Art. 5º, I, Art. 210, Art. 206, I, § 1º do Art. 242, Art. 215 e Art. 216, bem como nos Art. 26, 26 A e 79 B da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que asseguram o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania, assim como garantem igual direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira, além do direito de acesso às diferentes fontes da cultura nacional a todos os brasileiros.

A Resolução do CNE diz respeito à capacitação de professores pelas instituições de ensino superior, ao tratamento temático e disciplinas relativas à Educação das Relações Étnico-Raciais e ao Ensino de História e Culturas Afro-Brasileira e Africanas, em todos os níveis e modalidades da Educação Brasileira.

O cumprimento das referidas http://www.embcv.org.br/portal 06/03/2010 21:30:15 - 5 Diretrizes Curriculares, por parte das instituições de ensino, será considerado na avaliação das condições de funcionamento do estabelecimento. A implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Culturas Afro-Brasileira e Africanas constituem-se de orientações, princípios e fundamentos para o planejamento, execução e avaliação da Educação, e têm por meta, promover a educação de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica brasileira, buscando relações étnico-sociais positivas, rumo à construção de nação democrática.

A Educação das Relações Étnico-Raciais tem por objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira. O Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros e africanos, bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, européias, asiáticas.

O ensino sistemático de História e Culturas Afro-Brasileira e Africanas na Educação Básica refere-se, em especial, aos componentes curriculares de Educação Artística, Literatura e História do Brasil. Os sistemas de ensino tomarão providências no sentido de garantir o direito de alunos afro-descendentes de freqüentarem estabelecimentos de ensino de qualidade, que contenham instalações e equipamentos sólidos e atualizados, em cursos ministrados por professores competentes no domínio de conteúdos de ensino e comprometidos com a educação de negros e não negros, sendo capazes de corrigir posturas, atitudes, palavras que impliquem desrespeito e discriminação. Esta estrutura, que não é divulgada com a ênfase que deveria, já está a ser implantada nas escolas, desde a educação fundamental. As universidades, públicas e provadas, têm tentado abrir espaço para a aplicação da LDB e legislação correlata, formando os professores que atuarão em todos os níveis educacionais, mas considero que ainda estamos em tempos de implantação e há um caminho a percorrer – e devemos fazê-lo rapidamente, sobretudo as universidades, que formam os quadros que atuarão nos níveis subseqüentes do ensino. É preciso que a sociedade civil se sensibilize e cobre da universidade e das escolas a efetiva aplicação do conjunto jurídico referido.

Teça o seu comentário acerca do texto. Identifique-se.

PLANO DE ENSINO/2º SEMESTRE DE 2010

FACULDADES INTEGRADAS DO NORTE DE MINAS - Funorte
Curso de Graduação em Letras Português/Espanhol

Olá, Turma! Seja muito bem-vinda neste espaço reservado a leituras das Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa. Aqui, discutiremos Literatura, História e Memória Cultural dos países africanos lusófonos.
Desejo uma feliz e brilhante travessia !
Abraço,
Profa. Generosa Soutto.

PLANO DE ENSINO

DISCIPLINA:Literaturas Africanas de expressão portuguesa
PROFESSORA:Dra. Maria Generosa Ferreira Souto
CARGA HORÁRIA Semestral: 36 - Semanal:02 -Período:8º Semestre:2º/2010

EMENTA

Apresentação das Literaturas Africanas escritas em Português (angolana, cabo-verdiana, guineense, moçambicana e santomense). Características comuns à sua gênese bem como vários temas que as percorrem de modo transversal. Particularidades do contexto específico de cada uma delas e autores e textos considerados mais relevantes. Vigência destas literaturas durante o período colonial e focalização de temas e questões literárias mais recentes. Dialogismo entre literaturas.


OBJETIVOS

• Compreender a cultura na visão de Sartre, Bosi e Antonio Candido. África e habitantes. Sociedade. Contexto histórico e breve panorama da literatura de: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.
• Estudar as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe) através da leitura e análise das obras dos mais representativos autores dos países referidos.
• Estudar a História e a Cultura Afro-Brasileira, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
• Destacar a obra de um autor africano de Língua Portuguesa para estudá-la isolada e aprofundadamente, daí resultando monografias discentes. dentre um dos seguintes escritores: Castro Soromenho, Pepetela, Mia Couto, Luandino Vieira, Agostinho Neto, Noêmia de Sousa, José Eduardo Agualusa, Costa Andrade, José Craveirinha e Germano Rodrigues.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

I. Questões de Enquadramento
1. Questões de ordem terminológica: reflexão crítica em torno da designação “Temas das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa”;
2. Imagens de África (estereótipos, clichés, visões unilaterais e visões plurais);
3. Aspectos marcantes da colonização portuguesa;
4. Cultura colonial (e/ou colonialista) e culturas nativas;
5. A questão da(s) língua(s): portuguesa e locais;
6. Oralidade (a voz) vs escrita (a letra).
II. Temas selecionados
1. Escravatura;
2. Guerra;
3. Identidade e alteridade;
4. Infância e Velhice;
5. Memória e sabedoria ancestrais;
6. Mestiçagem;
7. Migrações;
8. Mitos;
9. Negritude;
10. O contrato (o contratado);
11. Urbanidade e ruralidade.

Observação: Estes temas serão estudados sobretudo a partir de narrativas breves (contos e novelas) e de textos de poesia.

ESTRUTURA DE APOIO

-Quadro e giz; Retroprojetor; Datashow; Livros; Textos xerografados; TV/Vídeo.

METODOLOGIA
• Aulas teóricas, com exposição dos conteúdos programáticos pelo docente, podendo, em certas circunstâncias, revestir-se de caráter teórico-prático.

Aulas práticas, com análises e comentário de textos literários e de textos críticos relativos à matéria exposta nas aulas teóricas, que poderão assumir a forma de debates ou de trabalhos realizados individualmente ou em grupo.

Sessões de orientação a textos escritos em formato de artigo, com acompanhamento personalizado e sistemático dos trabalhos desenvolvidos pelos estudantes.
• Seminários temáticos;
• GVGO;
• Painel integrado.

AVALIAÇÃO
PONTOS TIPO
10,0 Avaliação Diagnóstica (oral e escrita)
10,0 Avaliação Formativa (objetiva escrita)
20,0 Avaliação Somativa (objetiva e subjetiva/discursiva)
10,0 Artigo

BIBLIOGRAFIA

BÁSICA

LARANJEIRA, Pires (com Inocência Mata e Elsa Rodrigues dos Santos. Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta, 1995.
LEÃO, Angela Vaz (Org.), Contatos e Ressonâncias: Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, BeloHorizonte: Editora PUCMINAS, 2003.
FERREIRA, Manuel, O Discurso no Percurso Africano I, Lisboa: Plátano, 1989.
COUTO, Mia. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2003. P. 246.
___________Estórias Abensonhadas. Lisboa: Caminho, 2003.

COMPLEMENTAR

CHEVALIER, Jean, GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. 16ª ed. RJ: José Olympio. P. 688.
COUTO, Mia. «O embondeiro que sonhava pássaros». Cada homem é uma raça. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1988. P. 63.
_________Contos do Nascer da Terra (1ª ed. da Caminho, em2002.
_________Na Berma de Nenhuma Estrada (1ª ed. da Caminho em 2003.
____________O Fio das Missangas (1ª ed. da Caminho em 2004.
MATA, Inocência – Bendenxa (25 poemas de São Tomé e Príncipe para os 25 anos de Independência) , Lisboa, Ed. Caminho, 2000
TENREIRO, F.J. e ANDRADE, Mário – Poesia Negra de Expressão Portuguesa, Lisboa, ALAC
MATA, Inocência. Literatura Angola: Silêncios e Falas de uma Voz Inquieta. Luanda: Kilombelombe, 2001.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

São Tomé e Príncipe

ACADÊMICOS:JACYARA MELO,JANDERSON ALMEIDA,LAÍSE ANGÉLICA,LETÍCIA SANTOS,LUCIANA MELO, MARLEY RODRIGUES

As ilhas de São Tomé e Príncipe estão situadas no Oceano Atlântico, concretamente no Golfo da Guiné a aproximadamente 300 km da Costa Ocidental Africana sobre a linha imaginária de Equador. As duas ilhas e cerca de uma dezena de ilhéus e rochedos do Arquipélago estendem-se por 1001 km², formadas a partir de erupções vulcânicas sobre as plataformas submarinas. A ilha de São Tomé, a maior tem uma área de 859 km², sendo 65 km de comprimento e 35 km de largura, o Príncipe possui uma superfície de 142km², ou seja, 16km de comprimento e 8 km de largura. A distância entre as duas ilhas é de cerca de 140 km estando a ilha do Príncipe localizada a nordeste de S. Tomé. As ilhas foram descobertas por navegadores portugueses João de Santarém, Pedro Escobar e João de Paiva em 1470, desde o século XV até 1975 foi uma colônia de Portugal. Em 12 de julho de 1975 foi proclama da sua independência. Durante a colonização os portugueses cultivaram a cana-de-açúcar e posteriormente no século XIX, o cacau e o café.

População

A população de S. Tome e Príncipe resulta de uma miscigenação, descendentes de escravos vindos de Africa e europeus nomeadamente portugueses. Estes grupos deram origem a uma população com enorme riqueza cultural. Nas últimas décadas, esta população tem crescido consideravelmente todavia, com cerca de 151.912 habitantes esta nação é uma das mais pequenas nações da Africa. Aproximadamente um quarto da população reside na cidade de S. Tomé. Fora da cidade de S. Tomé, os maiores aglomerados populacionais São Trindade, Santana e Guadalupe.

Clima

O clima é tropical húmido, onde as temperaturas variam entre 21ºC e 27ºC com frequentes precipitações sobretudo no sul da ilha de S. Tomé e no Príncipe. Verificam-se somente duas estações climáticas; seca que ocorre entre os meses de Junho a Agosto localmente conhecida por gravana e a estação da chuva que ocorre nos restantes meses. Ao longo do ano, ocorrem 1760 horas de sol descendo para 1300 horas entre 500 a 1000 metros de altitude. A sua orografia montanhosa proporciona vários micro climas. As zonas mais elevadas têm uma grande pluviosidade podendo atingir 7.000 mm por ano, enquanto que as zonas baixas (Norte e Nordeste) registram menos chuvas sendo genericamente inferior aos 1.000 mm por ano.

Cultura

A riqueza cultural de São Tomé e Príncipe tem origem na miscigenação entre portugueses e nativos oriundos da costa do Golfo da Guiné, Angola, Cabo Verde e Moçambique. Riqueza essa que, caracterizou as ilhas desde os descobrimentos até os períodos mais recentes. Tradições africanas misturaram-se com européias (portuguesas) originando uma cultura crioula, que varia da etnia, diferença lingüística, danças, costumes e tradições. A riqueza arquitetônica é reconhecida, são disso exemplo a fortaleza de São Sebastião, a catedral de São Sebastião ou a catedral da Santa Sé (Igreja da Sé. As manifestações religiosas, com origem na Igreja Católica, e as manifestações pagãs animam ruas e pessoas. Os com tributos culturais vêm também da pintura, escultura e artesanato e também da dança e encenações - o Tchiloli, Auto de Floripes.

A língua é o Português, mas o Forro desenvolveu-se como uma língua sãotomense e é falado por cerca de 85% da população; a terceira língua mais falada é o Crioulo, usado pelos caboverdianos e seus descendentes.

Música e Dança

Os sons africanos misturam-se com os instrumentos europeus e latinos traduzindo-se numa mestiçagem tal como se verifica com o povo. Desta conjugação sobressaem vários estilos musicais como a rumba, o socopé (só com o pé),, a dexa, a puita , a Ússua, Danço-Congo, Bligá, Stleva, e entre outras. O grupo musical Tempo tem sido um grande embaixador da música são-tomense no estrangeiro, incentivando igualmente canções no dialeto angolar do sul de S. Tomé.

Artesanato

Com o recurso a matéria-prima da natureza (casca de coco, palmeiras, conchas, caniço) e de cores muito vivas produzem-se objetos diversificados e atraentes. A pintura é igualmente muito apreciada, e normalmente têm cores fortes e exprimem a beleza e alegria das ilhas.

Literatura

A literatura sãotomense também tem produzido os seus autores próprios, como Caetano Costa Alegre, José Ferreira Marques e Francisco José Tenreiro.

Religião

A religião predominante é o cristianismo 100% (católicos 80%, protestantes 20%) (1991).

Economia

Em São Tomé e Príncipe, os principais recursos naturais e produções são o cacau, copra, café, óleo de palma, noz de coco e petróleo. 90% das receitas de exportação advêm das monoculturas de cacau, com as plantações estatais a ocupar 80% da área de cultivo. Paralelamente são exportados copra, sementes de palma e café. 70% dos víveres têm de ser importados. A indústria limita-se à transformação dos produtos agrários. A indústria turística santomense tem um potencial considerável, fato reconhecido pelo Governo que já toma medidas de incentivo e de dinamização do sector. As entidades governamentais estão também otimistas em relação ao desenvolvimento dos recursos petrolíferos nas águas territoriais, ricas em petróleo no Golfo da Guiné.

Política

A democracia política é intensamente praticada em São Tomé e Príncipe, cujo parlamento conta com cinco partidos representados. A liberdade de expressão está assegurada e não se verificam abusos flagrantes dos direitos humanos, o atual chefe de Estado é Fradique de Menezes, que cumpre o seu segundo mandato de cinco anos como residente, o Primeiro-Ministro e chefe de Governo é Joaquim Rafael Branco. A Assembleia Nacional conta com 55 membros e um mandato de quatro anos. O país está dividido em sete distritos municipais, seis dos quais em São Tomé e o outro no Príncipe.

Culinária

O peixe é um alimento predominante na cozinha são-tomense, a lagosta, a santola, o búzio, o polvo e o choco são muito apreciados e os vegetais. A banana é consumida de várias formas, cozida, frita ou assada acompanhada de legumes com o peixe cozido ou grelhado. O calulú, prato tradicional muito apreciado por famílias são-tomenses que assemelha-se a uma sopa com peixe seco ou carne, serve-se acompanhado de puré de banana ou de arroz cozido. Em São Tomé e Príncipe, o calulú constitui uma refeição familiar habitual, sendo também usado em festas religiosas, nas quais é frequentemente distribuído junto às igrejas. É também servido em casamentos e em cerimônias fúnebres. É localmente considerado uma iguaria rica, adequada para ser oferecida a um forasteiro. As carnes podem ser de galinha, de suíno, incluindo chispe e cabeça, ou de bovino, incluindo mocotó. É consumido em todo o país.

HINO NACIONAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Independência Total

Independência total,
Glorioso canto do povo,
Independência total,
Hino sagrado de combate.
Dinamismo
Na luta nacional,
Juramento eterno
No país soberano de São Tomé e Príncipe.
Guerrilheiro da guerra sem armas na mão,
Chama viva na alma do povo,
Congregando os filhos das ilhas
Em redor da Pátria Imortal.
Independência total, total e completa,
Construindo, no progresso e na paz,
A nação ditosa da Terra,
Com os braços heróicos do povo.
Independência total,
Glorioso canto do povo,
Independência total,
Hino sagrado de combate.
Trabalhando, lutando, presente em vencendo,
Caminhamos a passos gigantes
Na cruzada dos povos africanos,
Hasteando a bandeira nacional.
Voz do povo, presente, presente em conjunto,
Vibra rijo no coro da esperança
Ser herói no hora do perigo,
Ser herói no ressurgir do País.
Independência total,
Glorioso canto do povo,
Independência total,
Hino sagrado de combate.
Dinamismo
Na luta nacional,
Juramento eterno
No país soberano de São Tomé e Príncipe.

Letra de Alda Graça Espírito Santo


REALIZAÇÃO
8° PERÍODO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS PORTUGUÊS/ ESPANHOL

COORDENAÇÃO
PROFª. DRª. MARIA GENEROSA F. SOUTO.

Fontes: Portal Oficial do Turismo de São Tomé,
Portal Oficial de São Tomé
Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento
CIA - The World Factbook
Enciclopédia – Wikipédia
viagemastomeprincipe.blogspot.com

MONTES CLAROS - MG
JUNHO DE 2010

ANGOLA

EQUIPE: DANIELA CAROLINA, JOSIANE XAVIER, CLEONICE AQUINO, HEIDE HELLEN, NAYARA COTRIM, ANA PAULA OLIVEIRA E MARILENE SOUZA.

O PAÍS

Angola é um país na Costa Atlântica Sul da África Ocidental com cerca de 11,6 milhões de habitantes. Angola é o país mais próximo da colônia de Portugal que foi colonizada no século XV, e permaneceu como sua colônia até a independência em 1975. A língua oficial é o português. Sua maior cidade e capital é Luanda. Sua moeda é o Kwanza (KZ).

POLÍTICA

O regime político vigente em Angola é o presidencialismo, em que o Presidente da República (José Eduardo dos Santos) é igualmente chefe do Governo, que tem ainda poderes legislativos. Em 1992, com o fim da Guerra Fria, Angola aprovou uma nova Constituição, que contempla o multipartidarismo. No entanto, com a Guerra Civil ainda ativa, só em 2008 foi possível realizar novas eleições legislativas.

RELIGIÃO

Angola, assim como os demais países Lusófonos, partilha Religiões Cristãs (Católicos e Protestantes), e Islâmicas. Os rituais relacionados ao espiritualismo, são comumente praticados.

CULTURA/ COSTUMES/TRADIÇÃO

A cultura em Angola é bastante diversificada. Os habitantes de Angola são de diferentes etnias. O português é a única língua oficial de Angola. Para além de numerosos dialectos, Angola possui mais de vinte línguas nacionais.A língua com mais falantes em Angola, depois do português, é o umbundo, falado na região centro-sul de Angola e em muitos meios urbanos. É língua materna de 26% dos angolanos. É um país em que há miostura de cores, sendo que seu artesanato baseia-se em esculturas de madeira. É um povo muito alegre que sempre se reúne para comemorar sua cultura.

MÚSICA E DANÇA

A música de Angola foi moldada por um leque abrangente de influências como pela história política do país. Ao longo dos anos, a música angolana influenciou também o Brasil e Cuba. Luanda é o berço de diversos estilos como o merengue, kazukuta, kilapanda e semba. Em Angola, a dança distingue diversos gêneros, significados, formas e contextos, equilibrando a vertente recreativa com sua condição de veículo de comunicação religiosa, curativa, ritual e mesmo de intervenção social.

LITERATURA

A Literatura teve a sua origem através do confronto, da rebelião literária, linguística e ideológica, da tomada de consciência revolucionária a partir da década de 40 (século XIX). Importa referir que era uma literatura dirigida particularmente aos africanos e escrita em línguas locais em mistura com o "português", pois o propósito era tornar a escrita inacessível aos europeus, isto é, não permitir ao homem branco decodificar as suas mensagens. Daí a introdução nas obras de poetas angolanos (Agostinho Neto, António Jacinto, Pinto de Andrade, Luandino Vieira, etc.) de palavras e frase idiomáticas em quimbundo e umbundo, e em muitos outros autores africano.

CULINÁRIA

O prato típico de Angola é o funge, uma espécie de polenta cremosa feita com farinha de mandioca ou de milho. O acompanhamento pode ter: a quisaca (folhas do pé de mandioca maceradas, cozidas e temperadas); o peixe fresco ensopado; o peixe seco cozido ou assado; a galinha cabidela (ao molho pardo); a muamba (prato à base de galinha, amendoim, quiabos e outros temperos); ou o feijão preparado no óleo de palma (tipo de azeite de dendê), entre outros.
Uma grande pedida para quem gosta de frutos do mar são os pratos preparados à base de lagosta ou camarão, que podem ser encontrados a preços convidativos em vários restaurantes e bares da cidade e também na orla da "ilha" do Cabo (na baía de Luanda).

Se o visitante preferir a tradicional culinária ocidental, terá opções de pizzarias e casas de massas, restaurantes de comida portuguesa (com o bacalhau como destaque), comida internacional em geral e algumas casas de fast food (ainda não existe McDonald's em Angola).

REALIZAÇÃO: 8º PERÍODO DO CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS/ESPANHOL DA FUNORTE

COORDENAÇÃO: PROFA. DRA. MARIA GENEROSA SOUTO

GUINÉ-BISSAU

ACADÊMICO(A)S:

ANA PAULA GONÇALVES,DÉBORA ILDIÉLE GONÇALVES,MARIA IRENE ALVES,MICHEL JÚNEO,VIVIANE
WELMARA DIAS.

O país, Guiné-Bissau

Antes da chegada dos Europeus, a região da atual Guiné-Bissau constituía uma parte do reino de Gabu, tributário do Império Mali, partes do qual subsistiram até ao século XVIII. O primeiro navegador e explorador europeu a chegar à costa da atual Guiné-Bissau foi o português Álvaro Fernandes, em 1446.A vila de Bissau foi fundada em 1697, como fortificação militar e entreposto de tráfico de escravos. Mais tarde, viria a ser elevada a cidade e a capital, estatuto que manteve após a independência da Guiné-Bissau. Apesar de os rios e o litoral terem sido uma das primeiras áreas colonizadas pelos portugueses, o interior só foi explorado a partir do século XIX.

Estava prevista uma tendencial unificação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, inicialmente constituídos como Estados separados. O primeiro presidente da Guiné-Bissau foi Luís Cabral, irmão do falecido Amílcar. Segundo Jaime Nogueira Pinto, Luís Cabral até Outubro de 1974 ainda sob a soberania oficial portuguesa personificada por Carlos Fabião, mandou executar antigos elementos africanos das Forças Armadas Portuguesas que tivessem permanecido no país.

Em 1980, Nino Vieira (de seu nome completo, João Bernardo Vieira), um prestigiado veterano da guerra contra Portugal, destituiu Luís Cabral num golpe de Estado, a pretexto de o PAIGC estar dominado pela elite cabo-verdiana. Sintomaticamente, Cabo Verde, que começava a ressentir-se do encargo resultante da pobreza extrema da Guiné, aceitou com relativa rapidez a renúncia à unificação dos dois países e alterou até o nome do partido, na sua versão local, para PAICV (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde).

Luís Cabral partiu para um exílio dourado em Portugal, onde afirma sentir-se em casa, mais do que no Cabo Verde das suas origens. Entretanto, na Guiné, eram postas em evidência valas comuns com os restos mortais dos antigos soldados portugueses de raça negra fuzilados em massa por ordem sua.
O Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Raimundo Pereira, assumiu a presidência interina. Os partidos políticos guineenses marcaram eleições presidenciais antecipadas para 28 de Junho de 2009, que foram vencidas por Malam Bacai Sanhá.
Política

O PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), no poder na Guiné-Bissau sob a chefia do presidente Nino Vieira, começou em 1989 o esboço de um programa de reformas e liberalização política, abrindo caminho para uma democracia pluripartidária que incluiu a eliminação de vários artigos da Constituição pelos quais era privilegiado o papel de liderança do PAIGC. Foram ratificadas leis que permitiam a formação de outros partidos políticos, liberdade de imprensa, sindicatos independentes e direito à greve.
As primeiras eleições pluripartidárias para a presidência e o parlamento da Guiné-Bissau aconteceram em 1994. Logo após a guerra civil de 1998-1999, foram convocadas novas eleições, que levaram ao poder o líder oposicionista Kumba Yalá e o seu partido, PRS. O PRS ocupa atualmente 28 dos 102 assentos na Assembleia Nacional e 18 dos 25 gabinetes do governo. Yalá foi deposto num golpe pacífico em setembro de 2003. Henrique Rosa assumiu o posto interinamente.

A 1 de Março de 2009, Tagme Na Waie, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e antigo rival político de Nino Vieira, foi morto num atentado bombista. Alguns militares que lhe eram próximos suspeitaram, embora sem provas, que o presidente estivesse envolvido neste assassinato, atacaram o palácio presidencial e, na manhã seguinte, 2 de março de 2009, mataram Nino Vieira a sangue frio. A verdade é que Tagme Na Waie exigira repetidamente o desarmamento da milícia fiel a Nino Vieira e que tinha havido uma rápida escalada nas disputas pelo governo da Guiné-Bissau.
A transição da Guiné-Bissau para a democracia será complicada, devido à debilitação da sua economia, devastada pela guerra civil e pela constante instabilidade política. A 1 de Abril de 2010 assistiu-se a uma nova onda de instabilidade, com uma tentativa de golpe de estado com o objectivo de depor o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o CEMFA, tenente-general Zamora Induta.

Cultura

A Guiné-Bissau possui um património cultural bastante rico e diversificado. As diferenças étnicas e linguísticas produziram grande variedade a nível da dança, da expressão artística, das profissões, da tradição musical, das manifestações culturais.

A dança é, contudo, uma verdadeira expressão artística dos diversos grupos étnicos. Os povos animistas caracterizam-se pelas belas e coloridas coreografias, fantásticas manifestações culturais que podem ser observadas correntemente por ocasião das colheitas, dos casamentos, dos funerais, das cerimónias de iniciação.
O estilo musical mais importante é o gumbé. O carnaval guineense, completamente original, com características próprias, tem evoluído bastante, constituindo uma das maiores manifestações culturais do País. O músico José Carlos Schwarz é ainda hoje considerado um dos maiores nomes de sempre da música guineense.

Feriados e festas
01 de janeiro- Ano novo
20 de janeiro-Dia dos heróis
08 de março-Dia internacional da mulher
01 de maio-Dia do trabalho
03 de agosto-Dia dos mártires da colonização
24 de setembro-Dia da independência/festa nacional
13 de outubro-final do Ramadã/muçulmana.

Literatura de Guiné-Bissau


No país, não há autores independentes nem editoração privada. Os escritores quase exclusivamente reduzidos a poetas, jornalista e professores, vêm de uma campanha de uma luta nacional, onde o engajamento místico-revolucionário com a realidade.
Literatura, afinal, forjada pela história étnica local, pela história da revolução em controle dialético com a história da colonização. A literatura popular visa a expressão através dos mitos, fábulas, contos, tradição, danças, canções e provérbios. A literatura oral dos povos substitui o texto literário artesanal escrito. A dinâmica cultural viva alimenta-se de narrativas orais do tipo das que vamos apresentar, entra na memória coletiva e, portanto, no folclore, mesmo que contemporânea.

Os contos populares

Os fabulários ou histórias de animais ou apólogos de profundo intuito moralizante e também as narrativas de mitos cosmogônicos. Os contos narram a aventura do homem no espaço mítico dos irãs, uma espécie de demiurgos ou intermediários benefícios e maléficos que supervisionam o curso dos acontecimentos do mundo em relação aos homens. Há também contos antropocosmogênicos, aqueles que envolven na relação do homem com o universo.
Contos de animais, todas as histórias de animais têm intencionalidade educacional, exaltando a astúcia e a malícia como formas de equilíbrio para a vitória do fraco sobre o forte. Contos populares épicos e contos guerrilheiros, as tradições tribais do território guineense têm vasto repertório de contos populares abrangendo as vivências quotidianas e a luta pela sobrevivência das tribos. Como amostragem, apresentamos o texto escolhido de um narrador oral de Bissau. É canto de um guerreiro balanta:
Crioulo português
Quem quem
Quem cu tem terra? De quem é a terra
A n´s cu terra – A terra é nossa...


Canções religiosas

Guiné-Bissau é uma nação com larga plataforma animista 64%, seguida pela ideologia a religiosa islamita que dominara cerca de 35% da população. È fácil de entender o volume de cerimônias e de rituais com cânticos religiosos como pano de fundo. Devido ao caráter da tribo que não permite divulgação de seus segredos mágicos a elementos estranhos, não possuímos amostragem de canções usadas no fanado e em festas religiosas típicas.

Dentre os principais escritores

Filomena Embalo (da atualidade)
Fausto Duarte (romancista)
Juvenal Cabral e Fernando Pais Figueiredo (ambos ensaístas)
Maria Archer ( poetisa do exotismo)
Cônego Marcelino Marques de Barros (domínio da etnografia, nomeadamente “A literatura dos negros”)
A maior parte das obras tem um caráter histórico. Poetas guineeses: Vasco Cabral, Antônio Baticã, Amílcar Cabral, Helder Proença, Félix Sigar, Carlos Vieira, dentre outros. A produção poética era dominada por um cunho universalista, marcada pela contestação e incitação de luta.
Na prosa, em 1993 que aparece na literatura contemporânea bissauguineense. Foi Domingas Sami que inaugurou este estilo com uma recolha de contos. A escola, sobre a condição feminina na sociedade nacional, também tem Carlos Lopes, Carlos Edmilson Vieira, como atuais escritores de prosa.

Culinária

Guiné-Bissau possui uma rica gastronomia, mistura portuguesa e africana, no que se destacam os produtos do mar. Como curiosidade, o visitante tem a oportunidade de experimentar a carne de macaco. Entre os pratos mais típicos, há que mencionar o cachupa, carne de porco com milho, feijão e o arroz com peixe, frango ou vitela. O arroz é o cereal mais utilizado na comida, o caldo de amendoim é também umas das comidas típicas de Guiné-Bissau e é feito com amendoim moído, carne de boi e frango.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

MOÇAMBIQUE

Equipe:
Ailce Dejanine Oliveira - Allyson Cavalcanti-Amarildo Ribeiro-Francielle Pereira-Junea Malveira-Joseyell Dias-Maria José Acácio

Apresentação: O País

Moçambique localiza-se na Costa Sudeste do Continente Africano, tendo como limites a Leste o Oceano Índico, a Norte a Tanzânia, o Malawi e a Zâmbia, a Oeste o Zimbabwe e a África do Sul e a Sul este último país e a Suazilândia. Foi uma colónia portuguesa, que se tornou independente em 25 de Junho de 1975.

Moçambique tem uma população predominantemente rural, com uma percentagem de 23% dos seus habitantes em áreas urbanas. Maputo, a capital (ex-Lourenço Marques), no sul do país, e a cidade da Beira, no centro do país, têm os mais elevados índices de concentração de população urbana, representando o imenso mosaico cultural que é Moçambique. A língua oficial é o português, embora declarado como língua materna de apenas 5% da população, durante o censo de 1997. Das diversas línguas de origem bantu faladas nos país, as que cobrem um índice mais elevado de populações, enquanto língua materna são: emakua (1/3 da população); xisena,(1/4 da população); xitsonga (1/5 da população) e xitswa (1/8 da população).
Em termos administrativos, Moçambique está dividido em Províncias, estas em Distritos, que por sua vez se dividem em Postos Administrativos e estes em Localidades, o nível mais baixo de representação do Estado Central. A estas divisões juntam-se, desde 1998, 33 autarquias locais, denominadas Municípios. Moçambique está também dividido em 128 distritos.
Assim, Moçambique está dividido em 11 províncias, incluindo a cidade de Maputo que tem estatuto de província e governador provincial. Contudo, é muito frequente, mesmo a nível oficial, referir-se a Moçambique como tendo apenas 10 províncias, devido a não ser feita a separação entre a cidade e a província de Maputo.
As províncias são administradas por governadores nomeados pelo Presidente da República.

As onze províncias de Moçambique são:
1. Cabo Delgado
2. Gaza
3. Inhambane
4. Manica
5. Maputo (cidade)
6. Maputo (província)
7. Nampula
8. Niassa
9. Sofala
10. Tete
11. Zambézia

Bandeira

O significado das cores, segundo a constituição da República de Moçambique, é o seguinte: o vermelho simboliza a luta de resistência ao colonialismo, a Luta Armada de Libertação Nacional e a defesa da soberania; o preto o continente africano; o verde e o amarelo-dourado a riqueza do solo; o branco a paz; a estrela representa a solidariedade entre os povos, a arma AK-47 simboliza de novo a luta armada e a defesa do país e a enxada, a agricultura.

Contexto Histórico

Os povos primitivos de Moçambique foram os Bosquímanes. Entre os anos 200 a 300 DC, ocorreram as grandes migrações de povos Bantu, oriundos da região dos Grandes Lagos a Norte que empurraram os povos locais para regiões mais pobres a Sul.
No séc. XV, inicia-se a penetração portuguesa com a chegada de Pêro Covilhã às costas moçambicanas e o desembarque de Vasco da Gama na Ilha de Moçambique.
Desde 1502 até meados do séc. XVIII, os interesses portugueses em Moçambique ficam sob a administração da Índia Portuguesa.
De início, os portugueses criaram “feitorias” com objetivos meramente comerciais, seguindo-se a fixação no litoral, onde construíram, em 1505, a fortaleza de Sofala e, em 1507, a fortaleza na Ilha de Moçambique.
Só alguns anos mais tarde, na tentativa de dominarem as zonas produtoras de ouro, se aventuraram para o interior onde estabeleceram novas feitorias. Depois de uma guerra de libertação que durou cerca de 10 anos, Moçambique tornou-se independente em 25 de Junho de 1975.

Política

Moçambique é uma república presidencialista cujo governo é formado pelo partido político com maioria parlamentar. As eleições são realizadas a cada cinco anos.
A Frelimo foi o movimento que lutou pela libertação desde o início da década de sessenta. Após a independência, passou a controlar exclusivamente o poder, aliada a seus antigos aliados comunistas, em oposição aos estados brancos vizinhos segregacionistas, África do Sul e Rodésia, que apoiaram elementos brancos recolonizadores e guerrilhas internas, situação esta que viria a se transformar em uma guerra civil de 16 anos. Samora Machel foi o primeiro presidente de Moçambique independente e ocupou este cargo até à sua morte em 1986.
A Frelimo permaneceu no poder até os dias atuais, tendo ganho por quatro vezes as eleições multi-partidárias realizadas em 1994, 1999, 2004 e 2009, mesmo com acusações de fraudes. A Renamo é o principal partido e a única força política de oposição com representatividade parlamentar.

Religião

Moçambique desde o século XVI, que é caracterizado por se um verdadeiro mosaico de religiões: Cultos Africanos, Islão, Cristianismo e Hinduísmo.

Cultos Africanos

A religião tradicional em Moçambique baseia a sua crença num ser supremo, conhecido por ser todo-poderoso e onipresente. Ao mesmo tempo esse deus e criador está distante, portanto usa os espíritos dos ancestrais como intermediários.
Devido ao passado violento de Moçambique, muitos dos espíritos são de mortos causados pelas guerras. Outros habitam em rios, quedas de água, florestas ou outros locais na natureza. Algumas florestas são particularmente sagradas – é proibido entrar ou usá-las para qualquer fim sem a permissão de um líder local. As florestas na Serra da Gorongosa têm sido conservadas através de um sistema tradicional, que entrega a responsabilidade de gerir áreas específicas a diferentes linhagens familiares. Enquanto várias pressões econômicas e sociais têm minado essa gestão nos últimos anos - colocando em risco as florestas - todos os visitantes têm de participar numa cerimônia que anuncia a sua chegada aos espíritos da montanha, ajudando-as a evitar azares durante a sua viagem, tais como perder-se ou magoar-se.
Além da cerimônia e variados rituais e tabus, a religião tradicional torna-se mais evidente quando alguém adoece. As pessoas doentes tomam normalmente medicamentos ocidentais - quando estão disponíveis - ou utilizam raízes e ervas, mas é aceite de uma forma geral que a maioria das doenças é provocada pelos amplos problemas sociais que perturbam os espíritos. O curandeiro reúne a comunidade. Depois de horas de cânticos, danças e batidas nos tambores centrados no membro doente do grupo, o curandeiro e o paciente alcançam determinados estados que lhes permite conversar com os espíritos, resolver os problemas e ajudar o paciente a curar-se.

Cristianismo

Esta religião, na sua interpretação católica, foi introduzida pelos portugueses, no século XVI. A primeira igreja foi erigida em Sofala (1505), e dois anos depois outra na Ilha de Moçambique. Pouco depois foram construídas misericórdias e hospitais (Sena, Moçambique). A difusão do cristianismo em Moçambique foi sempre muito difícil, dada a permanente falta de missionários.
Apenas a partir do século XIX, a Igreja Católica inicia uma ação mais sistemática, quer no campo da evangelização, quer no campo educativo. Para tal fundou-se em Portugal o seminário de Cernache do Bonjardim destinado a formar sacerdotes seculares para África e o Oriente, tendo-se promovido a ida também de outros missionários religiosos de diversos institutos (franciscanos, jesuítas, padres do Espírito Santo, salesianos, etc). Depois da Implantação República em Portugal (1910), esta ação decaiu bastante. Os republicanos são ativos combatentes do catolicismo, e não tardam em restringir a ação da igreja, nomeadamente no campo educativo. Os jesuítas são expulsos da região do zambézia. Com a ditadura (1926), as relações entre o Estado e a Igreja melhoram, o que possibilita o desenvolvimento da missionação em África e a consolidação da sua organização.
Após a Independência de Moçambique, em 1975, a Igreja Católica foi combatida pelo novo governo moçambicano, sendo nacionalizada a maior parte das suas escolas e outras instalações. O pretexto foi as suas alegadas ligações ao colonialismo português. A devolução destes recursos só começou a fazer-se depois do Acordo de Paz (1992) que pôs fim a uma longa guerra civil.
O catolicismo está dissiminado por todo o país. Moçambique conta atualmente com uma Universidade Católica.

Islão

Calcula-se que cerca de 10% da população moçambicana, sobretudo no norte e ao longo do litoral, seja seguidora do islão. Esta religião está presente em Moçambique desde pelo menos inicios do 2º. milênio. A sua difusão ter-se-á feito através da costa, por intermédio dos swahilis, cuja língua ainda hoje predomina na Tanzânia.
Até a 2º. Guerra Mundial o islamismo circunscrevia-se ao litoral norte, com excepção de uma bolsa no Niassa (tribo dos Ajauas). A partir daí regista-se uma difusão para sul e interior do território, sendo todavia o norte a região de maior implantação do Islamismo (tribos macuas e macondes).Quando rebentar a guerra de libertação, será nesta região que a Frelimo terá a sua maior base de apoio entre a população.
Nesta difusão do Islamismo teve um papel fundamental as confrarias sediadas na Ilha de Moçambique, mas também o clima criado pela reação contra a cultura Ocidental produzido pelos movimentos pan-islâmicos e pan-africanos. Nos anos 50 do século XX, o número de fieis rondariam os 600 mil. Nos anos 60 assistiu-se a um rápido crescimento do seu número, registando-se em 1974 já um total de 1,2 milhões. Em 1982, segundo números oficiais estimavam-se em 2.249 milhões.

Hinduísmo

Moçambique tem uma significativa comunidade Indiana/Hindu. A maioria de seus antepassados vieram para Moçambique cerca de 500 anos atrás. Morando há 500 anos em África, incluindo sob a influência do português durante sua colonização, a vibração da cultura indiana é ainda hoje evidente.
O texto dramático ainda não foi explorado pelos autores moçambicanos, o que significa que não existem autores de teatro em Moçambique.

Cultura

Moçambique possui uma rica tradição cultural de arte, cozinha, música e dança. Isto reflete a diversidade da história e valores familiares Moçambicanos que em conjunto criam as identidades do Moçambique moderno.
Moçambique possui uma longa tradição de coexistência de diferentes raças, grupos étnicos e religiosos. Ao contrário de muitos lugares no mundo, a diversidade cultural e religiosa raramente tem sido uma razão para conflitos em Moçambique. Por conseguinte, a guerra civil não foi um conflito entre grupos étnicos com tal.
Moçambique sempre se afirmou como pólo cultural com intervenções marcantes, de nível internacional, no campo da arquitetura, pintura, música, literatura e poesia.
Importante também e representativo do espírito artístico e criativo do povo moçambicano é o artesanato que se manifesta em várias áreas, destacando-se as esculturas dos Macondes do Norte de Moçambique.

Literatura

A Literatura de Moçambique é, geralmente, a literatura escrita em língua portuguesa - vulgarmente misturada com expressões moçambicanas -, por autores moçambicanos. É ainda muito jovem, mas já conta com exímios representantes como José Craveirinha, Paulina Chiziane e Mia Couto, sendo vital na exigente Literatura Lusófona.
A poesia é relativamente pouco procurada pelos autores moçambicanos, preferindo estes a prosa. No entanto, nesta categoria destacam-se brilhantes escritores como José Craveirinha, vencedor do Prémio Camões, Albino Magaia, associado à prestigiada Associação dos Escritores Moçambicanos, e o jovem Eusébio Sanjane. Seguem ambos um estilo poético inteiramente ligado ao ambiente tropical e rural do país. Todavia, a poesia moçambicana ainda é pouco influente na Literatura Lusófona.
Na prosa moçambicana - esta sim, embora jovem, considerada um elemento vital e prodigioso na Literatura Lusófona - destacam-se, primeiramente, Mia Couto, talvez o mais influente autor moçambicano, vencedor do Prémio União Latina de Literaturas Românicas de 2007 - de importância amplamente reconhecida, visto que alguns dos seus contos são lecionados nas escolas portuguesas -, seguidamente, José Craveirinha, o aclamado vencedor do Prémio Camões, Eusébio Sanjane, eleito Escritor do Ano de 2005 pela revista Tvzine, por votação popular, consagrando o seu sucesso junto do público, Paulina Chiziane, uma das mais promissoras escritoras da lusofonia, embora não tenha ganho ainda qualquer prémio, Eduardo White, associado à Associação dos Escritores Moçambicanos e um dos mais prestigiados escritores de Moçambique, Gulamo Khan, cuja obra só foi publicada numa antologia feita postumamente, e Reinaldo Ferreira, nacionalizado português, embora tenha nascido na antiga Lourenço Marques e tenha escrito toda a sua obra em terras moçambicanas.

Músicas e Danças
A música Moçambicana é uma das mais importantes manifestações culturais deste país. As danças nos seus locais de origem, tem como base cerimônias de rituais de puberdade, circuncisão, investidura de iniciados em poderes superiores, danças por ocasião de um casamento, e sobretudo em todas as cerimônias de exorcismo. O centro importante dos movimentos da dança moçambicana é o tronco e a vibração ágil e de todos os músculos da bacia e dos rins. Os movimentos das pernas servem ao transporte do corpo numa maneira rítmica de passos e saltos, mas com menos significado. Ainda menos importância têm os movimentos dos braços e das mãos, que simplesmente funcionam como contrabalanço do equilíbrio.

A dança moçambicana está profundamente enraizada na terra. É licito afirmar que na sua espontaneidade, são inseparáveis da música que tem geralmente como núcleo instrumental um ou mais tambores, uma base orquestral de timbilas, tambores e idiofones (chocalhos e o barulho dos escudos batendo no chão), e ainda o canto.

Os tambores são em alguns casos substituídos pelo bater de tábuas e de mãos, ou por outros instrumentos de ritmo (chocalhos, flautas ou instrumentos de cordas).
A música tradicional tem características "bantu" (grupo etnolinguístico localizado na África Subsariana, região do continente Africano a sul do deserto Saara) e é normalmente criada para acompanhar cerimônias sociais na forma de dança.
A música comercial tem raízes na parte tradicional e um dos tipos dessa música é a "Marrabenta", que já faz parte da alma Moçambicana + A Marrabenta, com o seu ritmo animado e as suas melodias arrebatadoras, conta através de uma subtil mistura, pequenos detalhes da vida quotidiana em Maputo e dos grandes eventos da história de Moçambique.
A marrabenta tornou-se um símbolo cultural nacional e uma referência identidária forte!

Culinária
A culinária moçambicana, devido à colonização ao longo dos séculos, é uma rica fusão de sabores, história e diferentes culturas de África, Oriente e Europa. Esta diversifica-se de região para região, sendo a do norte rica em pratos confeccionados à base de coco, mandioca e temperos típicos daquela região.
O caril é muito usado em toda a cozinha, do norte ao sul do país.
A base da alimentação moçambicana é o milho. A partir dele faz-se uma massa que no sul é chamada de ushwa, no centro e norte chima. Esta massa é acompanhada por molhos de vegetais, como a cacana e amboa, e também por mariscos, principalmente o camarão.

O peixe seco é também muito utilizado. Moçambique é rico em mariscos entre os quais o camarão, a lagosta, o caranguejo, o cava-cava e a amêijoa. Outros ingredientes típicos são o piri-piri, o gergelim, o amendoim, o caju e o coco.
Nas bebidas destacam-se as aguardentes destiladas, como a nipa e a katchulima. Também se fazem cervejas de milho, mapira, palmeira etc. Existem ainda os sumos de caju e canho.

FONTES:
http://www.turismomocambique.co.mz/index.aspx?menuid=1&lang=P
http://www.geotur.com/Destinos.aspx?GA=354#Gastronomia
https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/mz.html
http://www.cplp.org/Moçambique.aspx?ID=27
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique
http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/mocambique/
http://www.gastronomias.com/lusofonia/mocambique.html

sexta-feira, 4 de junho de 2010

CABO VERDE

Acadêmicas: Dilvanir, Flávia, Jacqueline, Jéssica, Norma e Vanessa

Cabo Verde é um país africano, arquipélago, de origem vulcânica, constituído por dez ilhas. Está localizado no Oceano Atlântico, a 640 km a oeste de Dacar, Senegal. As primeiras ilhas do Arquipélago de Cabo Verde teriam sido descobertas em 1456 por Diogo Gomes e Alvise Cadamosto, e as seguintes em 1461 por Diogo Gomes e António Noli ao serviço da coroa portuguesa, que encontraram as ilhas desabitadas e aparentemente sem indícios de anterior presença humana. Começaram a ser colonizadas por Portugal por meio do sistema de Capitanias hereditárias dois anos mais tarde, trazendo escravos da costa da África para plantar algodão, árvores frutíferas e cana-de-açúcar para a ilha de Santiago. Nessa ilha fundaram a cidade de Ribeira Grande, que se tornou muito importante para o comércio de escravos. A importância da cidade cresceu de tal maneira que, em 1541, foi atacada por piratas e, em 1585, pelo corsário Inglês Francis Drake. Depois de um forte ataque pirata francês, no ano de 1712, a cidade foi abandonada.
A posição estratégica das ilhas nas rotas que ligavam Portugal ao Brasil e ao resto da África contribuíram para o fato dessas serem utilizadas como entreposto comercial e de aprovisionamento. Abolido o tráfico de escravos em 1876, o interesse comercial do arquipélago para a metrópole decresceu, só voltando a ter importância a partir da segunda metade do século XX. No entanto já tinham sido criadas as condições para o Cabo Verde de hoje: europeus e africanos uniram-se numa simbiose, criando um povo de características próprias.

POLÍTICA

Cabo Verde é uma república democrática semipresidencialista (parlamentarismo mitigado), com regime multipartidário. O governo é baseado na constituição de 1980, que institui o regime de partido único, revista em 1990 para introduzir o multipartidarismo e em 1992 para ajustá-la na totalidade com os valores da democracia multipartidária. As eleições são presidenciais (para eleger o Presidente da República) e legislativas (para eleger os deputados nacionais), que são eleitos para mandatos de cinco anos. O presidente do partido com maioria na Assembleia Nacional (Parlamento) é empossado como Primeiro-ministro. Apesar de ainda não haver ocorrido, há a possibilidade de o Presidente da República ser de um partido e o Primeiro-ministro de outro.
O Presidente da República, a Assembleia Nacional e o Conselho Superior da Magistratura Judiciária (esses também eleitos pela Assembleia Nacional) participam na eleição dos membros do Supremo Tribunal da Justiça.
Cabo Verde é uma República soberana, unitária e democrática, que garante o respeito pela dignidade da pessoa humana e reconhece a inviolabilidade e inalienabilidade dos Direitos do Homem como fundamento de toda a comunidade humana, da paz e da justiça.
A República de Cabo Verde reconhece a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, sem distinção de origem social ou situação econômica, raça, sexo, religião, convicções políticas ou ideológicas e condição social e assegura o pleno exercício por todos os cidadãos das liberdades fundamentais. A República de Cabo Verde assenta na vontade popular e tem como objetivo fundamental a realização da democracia econômica, política, social e cultural e a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
A República de Cabo Verde criará progressivamente as condições indispensáveis à remoção de todos os obstáculos que possam impedir o pleno desenvolvimento da pessoa humana e limitar a igualdade dos cidadãos e a efetiva participação destes na organização política, econômica, social e cultural do Estado e da sociedade cabo-verdiana.


A Pobreza e a Desigualdade em Cabo Verde

Os índices de Foster que medem a pobreza relativa dizem-nos que as pessoas que caíram em situação de pobreza em Cabo Verde foram em número superior aos que saíram de tal situação. Essa evolução verifica-se, sobretudo no caso da população rural, embora uma parte do crescimento da pobreza urbana também possa ser atribuído às migrações da população rural para as cidades.
Na verdade, a proporção de pobres na população aumentou de 30 para 37% e a de muitos pobres cresceu de 14 para 20%. A pobreza extrema é sobretudo rural, onde vivem 68% dos muito pobres. Na última década assistiu-se a um aumento mais rápido da pobreza extrema nas zonas urbanas. Esta aumentou de 7% de muito pobres urbanos para 12% na década de 90. No mesmo período, a pobreza extrema rural passou de 23% para 30% dos rurais. A estas tendências não serão estranho o processo de emigração para os centros urbanos observado ao longo da década. A pobreza acaba por ser uma síntese de vários temas, como a situação nutricional da população, as condições de habitação e o acesso aos equipamentos e serviços coletivos, as características econômicas da população e o rendimento e despesas dos agregados familiares assim como as características sócio-demográficas dos agregados familiares.

Exercício do Poder Político

O poder político é exercido pelo povo através do referendo, do sufrágio e pelas demais formas constitucionalmente estabelecidas. Para além da designação por sufrágio dos titulares dos órgãos do poder político, estes poderão ser também designados pelos representantes do povo ou pela forma constitucional ou legalmente estabelecida.

CULTURA/COSTUMES/TRADIÇÃO

A cultura de Cabo Verde é caracterizada por uma mistura de elementos europeus e africanos. Isso se deu através de um intercâmbio que iniciou há 500 anos. Fazem parte da cultura/costumes/tradição de Cabo Verde: as Artes (Artesanato, Literatura, Música, Artes Plásticas), Língua, Religião, etc. Todos esses elementos têm grande importância para a cultura cabo-verdiana. Na música, por exemplo, os cabo-verdianos expressam através dos ritmos e dança; a alegria, raízes, vivacidade e, enfim, a cultura do seu povo. Para cada Ilha existem ritmos típicos, e outros comuns a todas, mas a alma de Cabo Verde é sempre lembrada em cada uma das músicas. Dos Gêneros musicais existentes, como: Morna, Coladeira, Batuque, Mazurca, Funaná e outros, há de se destacar o Morna e o Funaná. Este é um ritmo tradicional que traz toda a expressão de uma musicalidade saudável e quente. O 1º é um dos mais conhecidos estilos musicais de Cabo Verde, nasceu de um encontro entre o Fado (canção popular portuguesa) e os ritmos africanos; canta o amor, o sofrimento e a nostalgia do povo de Cabo Verde e é a expressão mais fiel da sua alma.
Quanto às festas tradicionais, todas as ilhas celebram em Fevereiro o carnaval; em Abril é comemorado a festa da Bandeira de São Filipe (Fogo); o Festival da Gamboa pelas festas da Cidade da Praia (Santiago) acontece no mês de Maio; em Junho acontecem as festas tradicionais de São João e Santo António (Brava, Santo Antão e São Nicolau); a tabanka precede o São João (Santiago e Maio); em Agosto o Festival da Baía das Gatas (São Vicente), evento musical com projeção internacional; e o Festival de Música de Santa Maria (Sal), incluído na festa do Dia do Município (Nossa Senhora das Dores), realiza-se em Setembro.

RELIGIÃO

Em Cabo Verde professa-se a Religião Cristã, majoritariamente a Católica Romana, que tem um percentual de 90% da população de seguidores. Outras denominações cristãs também estão implantadas em Cabo Verde, com destaque para os protestantes da Igreja do Nazareno que é a maior denominação protestante. Há também outros grupos religiosos como o da Igreja Adventista do Sétimo Dia, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mormons), a Congregação Cristã em Cabo Verde, Assembleia de Deus, Testemunhas de Jeová e outros grupos pentecostais e adventista. Há pequenas minorias muçulmanas e da Fé Bahá'í. A Igreja Universal do Reino de Deus também tem seguidores em Cabo Verde. O número de ateus é estimado em menos de 1% da população. A liberdade de religião é garantida pela Constituição e respeitada pelo Governo. Há bom relacionamento entre as diversas confissões religiosas, não havendo nenhum relato no Governo de abusos sociais ou discriminação com base na crença religiosa ou prática.


LITERATURA

A cultura cabo-verdiana tem o seu coração pulsando na poesia, espelhada nas mornas, nas histórias de sabor popular e nas novelas, sua alma gira em torno da "sodade", termo que deriva da "audade" portuguesa.
O primeiro movimento poético cabo-verdiano eclodiu em 1890, não refletindo ainda, propriamente, sobre a identidade cabo-verdiana, mas como estrita, derivação do gosto português. O movimento nasceu em São Nicolau, à época, o centro intelectual de Cabo Verde. Este período, dito clássico, durou até 1930. O compositor e poeta Eugénio Tavares, que recriou e popularizou a morna, introduzindo as letras da música em crioulo, foi um ilustre representante desta corrente literária.
Em 1936 um novo movimento literário veio substituí-lo. Estava centrado na revista literária "Claridade" e tinha como ponto de referência a cultura Crioula e as condições de vida da população. Baltazar Lopes, Jorge Barbosa e Manuel Lopes, três nomes fundamentais da literatura das ilhas, introduziram um novo estilo no labor poético, refletindo sobre o paradoxo que sempre atormentou o cabo-verdiano e que consiste no desejo de sair quando é forçado a ficar e no desejo de ficar quando é obrigado a partir.
Atualmente, os escritores cabo-verdianos estão ocupados em recriar o seu enraizamento africano. Entre eles destacam-se Germano de Almeida e Corsino Fortes. Escritores que destacam: Manoel Lopes, Germano de Almeida, Luís Romano de Madeira Melo, Orlanda Amarílis, Jorge Vera Cruz Barbosa, Pedro Cardoso, José Lopes, Mário José Domingues, Daniel Filipe, Mário Alberto Fonseca de Almeida, Corsino Antônio Fortes, Arnaldo Carlos de Vasconcelos França, Antônio Aurélio Gonçalves, Aguinaldo Brito Fonseca, Ovídio de Sousa Martins, Henrique Teixeira de Sousa, Osvaldo Osório, Dulce Almada Duarte, Filinto Elísio, Manoel Veiga.
Poetas como: Sérgio Frusoni, Eugénio Tavares, B. Léza, João Cleofas Martins, Ovídio Martins, Jorge Barbosa, Corsino Antônio Fortes, Baltasar Lopes da Silva, Osvaldo Alcântara, José Lopes, Pedro Cardoso, Manoel Lopes, António Nunes, Agnaldo Fonseca, Teobaldo Virgílio, Gabriel Mariano, Ovídio Martins, Onésimo Silveira, João Vário (Timóteo Tio Tiofe), Osvaldo Osório, Armênio Vieira, Vadinho Velhinho, José Luís Tavares, Vera Duarte, Gabriel Mariano, Amílcar Cabral, Arthur Vieira, etc.
Obras Literárias Célebres:
• Chiquinho de Baltasar Lopes da Silva;
• Os Flagelados do Vente Leste, Chuva Braba de Manuel Lopes;
• O Testamento do Senhor Napomuceno da Silva Araújo de Germano de Almeida;
• Revista Claridade, Hora di Bai de Manoel Ferreira.

CULINÁRIA

Não podemos dizer que os países africanos possuem uma culinária típica de todo continente, porque o país sofreu várias influencias culinária quando foi colonizado e que hoje está presente em sua gastronomia.
Vamos destacar aqui a culinária cabo-verdiano que é uma gastronomia caracterizada por várias combinações de produtos populares e que faz parte também da culinária brasileira como: milho, feijão, batata doce, mandioca, peixes e carnes bovinas e suínas e outras, enriquecidos pelos sabores dos licores e doces tradicionais.
A situação geográfica do arquipélago propicia uma culinária rica em peixe e mariscos. Um prato muito apreciado em Cabo Verde é a sopa que é um caldo de peixe muito saboroso, as lulas guisadas, peixe seco do sal assado também são pratos apreciados pelos cabo-verdianos, porém o prato que caracteriza Cabo Verde é a Cachupa e a monchupa que é servido com a jagasida um arroz com ervilha.
Para servir acompanhado com café tem gufongo e bolinhos de milho fritos. Em cada prato é utilizado os temperos típicos de Cabo Verde, usam muito azeite de dendê e pimenta. Uma fruta muito apreciada é a marula. Os pratos mais apreciados pelos cabo-verdianos são: arroz pintado, batata-doce frita, bolinhos de mandioca com mel, fungi, funguim, fogo de banana (doce), lagosta com amendoim, lagosta com mancarra, lagosta frita, mareia de cebolada, pudim de queijo, salada de lagosta à moda de cabo Verde, xerém tradicional, mousse de manga, caldeirada de peixe, canja de galinha.


MÚSICA E DANÇA

A música de Cabo Verde é resultado de elementos europeus e africanos.


História da música cabo-verdiana

Durante a colonização portuguesa a administração só permitia a música eclesiástica, após o regime do Estado Novo e a independência foram ressurgindo novos gêneros musicais como o batuque, colá, coladeira, funaná, mozurca, morna.
Existem outros gêneros musicais que não são originários de Cabo Verde, mas ganhou características de lá como o lundum, mozurca, valsa, ao longo da história surgiu outras interpretações como bossa nova, cúmbia, hip-hop, reggae, rumba, samba, zouk.
Instrumentos: guitarra (violão), violas, cavaquinho (rebeca), piano, saxofone, clarinete, trompete, flauta, acordeão (gaita), tambores, outros instrumentos de origem africana o bombolom, cimboa, correpi, dondom. As musicas cabo-verdiano são prolíferas ao ponto de tomar o espaço de outras expressões artísticas do país cabo verde.
As músicas cabo-verdianas são dançadas mais em grupos ou em dois, são ritmos acelerados e sensuais.


REFERÊNCIA

WIKIPÉDIA. Disponível em: . Acesso em: 26/04/2010.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

AS LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA - UM PROJETO CURRICULAR URGENTE

Texto de João Ferreira
16 de maio de 2005-08 de dezembro de 2005


1.O Brasil e a África.Uma aproximação.

O Brasil é sob muitos aspectos o maior parceiro de toda a comunidade de língua portuguesa, seja pelas suas características globais de extensão territorial, população, economia seja pela contribuição cultural que pode dar ao grande projeto da lusofonia dentro da comunidade dos povos de Língua Portuguesa. “Matriz claramente africana” como disse o escritor angolano José Eduardo Agualusa, o Brasil é o herdeiro étnico de várias raças e de vários clãs africanos representados por uma grande parcela de sua população.

Juntamente com a população vinda da África veio a música, vieram os cantos tradicionais, a literatura oral, a culinária e as variadas formas étnicas em toda a sua extensão humana, psicológica, social e política.Por isso mesmo, o Brasil, formado basicamente por culturas índias indígenas, por culturas negras e por culturas brancas muito variadas, tornou-se importantíssima referência multicultural moderna. Sua diversidade étnica e cultural e sua cultura negra exibida desde os tempos da escravidão até aos quilombos e à República de Zumbi dos Palmares, seus ritmos musicais do samba e da capoeira, sua cozinha africana representada pelos acarajés, seus rituais negros de candomblé e macumba, nos levam à Bahia, ao Rio de Janeiro e a tantos cantos do território brasileiro onde encontramos a voz da negritude, com todos os valores africanos que ela contém. É uma presença e uma relação íntima ao corpo social e cultural brasileiro e isto nos leva a valorizar cada vez mais a África no panorama dos estudos brasileiros.

enorme parcela de população negra e mestiça do Brasil que trabalha agora pela sua própria ascensão social, está buscando mais formação, mais educação, mais ascensão social e política, mais representação e força empresarial. Ao fim de mais um tempo, teremos mais negros, em lugares de significação social e política, mais empresários negros, o que gerará certamente uma classe média negra mais forte, uma burguesia negra mais rica, o que contribuirá para o equilíbrio racial e social do país dentro de um todo equilibrado pelo direito, pela distribuição de riqueza e pela realidade social. Para que isso se torne real, o Brasil não deverá deixar de trabalhar por construir sua consciência de adesão aos valores negros assim como não deverá abandonar seu orgulho político de levar negros, índios e toda a população pobre a um parâmetro de inclusão e integração real.

O Brasil contemporâneo se debate com estas encruzilhadas e a boa política será a de admitir que tudo irá depender da construção de uma mentalidade e de um poder que as elites dominantes de agora deverão entender e aceitar como evolução natural.

Esta aproximação entre Brasil e África tem de ser analisada, cultivada, incrementada, neste conjunto multicultural que é o Brasil moderno. Não podemos perder a oportunidade que nos oferece este momento cultural e político para refletir sobre a aproximação entre Brasil e África.

As duas maneiras mais diretas que temos de nos atualizar dentro desta relação é mobilizar os pesquisadores para o campo lingüístico e literário para melhor entendermos as grandes realidades africanas.

Tanto os Governos, quanto a sociedade civil como as empresas sabem que nessa troca poderão surgir grandes negócios. Temos de saber também e descobrir os grandes lances que podem advir para o crescimento de nossas relações culturais, e especificamente no nosso campo, da linguística e da literatura.

2. O mundo da Língua portuguesa instrumento natural de aproximação


O meio mais imediato que temos de nos aproximar destes povos africanos e de estudarmos as realidades que a eles nos ligam, é a Língua Portuguesa, plataforma indiscutível de entendimento dentro do Projeto da Lusofonia. Esta realidade nos leva a buscar aprofundar os laços que nos unem a todos. Laços que podem ser interessantes para estudiosos de Letras.

3. Uma viagem necessária


Para aprofundarmos o entendimento desta aproximação Brasil versus África, teremos de empreender uma viagem necessária. Não se trata de um safári pelas misteriosas florestas africanas. É outro tipo de viagem. Vamos conhecer os principais países que fazem parte de nossa comunidade de língua portuguesa. Mesmo viajando apenas mentalmente através de alguns dados de informação, não podemos deixar de sentir este continente negro em suas representações, um continente cheio de tradições e costumanças, de rituais fetichistas, de crenças, de grande tradição cultural oralizante, de mistério, de sonho com a marca realista das grandes florestas, dos grandes rios, de feras variadíssimas, desde o leão, até á onça, ao leopardo, ao elefante, à girafa, à zebra, ao búfalo selvagem, ao chimpanzé, ao orango tango, ao gorila, e uma variedade enorme de macacos desde o macaco fula ao até ao macaco cão, variadíssima e coloridíssima pelas grandes revoadas de pássaros grandes e pequenos, em melodias intensíssimas nas restevas dos arrozais, junto dos rios e das florestas, de poesia, exotismo e de cruas realidades.

Uma África, que se é deslumbrante em sua natureza primitiva, é também um continente onde enormes zonas de progresso civilizacional, urbano, industrial e comercial se abrem para o estudo dos não-africanos. Uma África, porém, que permanece dentro do signo de um continente a explorar pelo conhecimento indo fundo em sua cultura. O roteiro de hoje, selecionado para nossa palestra circunscreve apenas cinco países. Países onde se fala a Língua portuguesa, a par de muitas outras língua nacionais e do crioulo ou de formas crioulizantes.

Roteiro

Selecionamos cinco países africanos especiais todos eles parceiros da CPLP juntamente com o Brasil e falantes oficialmente da Língua Portuguesa..
Esses países são:
Cabo Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique.
Vamos conhecê-los rapidamente em seu perfil essencial utilizando um mapa.

Cabo Verde

Comecemos pelo arquipélago de Cabo Verde. País independente desde 5 de julho de 1975. República presidencialista. São dez ilhas em pleno Atlântico com uma superfície de 4.033 km2 e uma população de 400 mil habitantes. Capital: Cidade da Praia, na ilha de Santiago. Fala português e crioulo. Moeda: escudo de Cabo Verde. Relação do escudo para com a moeda norte-americana: dólar:1 dólar= 128,83 escudos. PIB: 581 milhões de #d. Renda per capita:1.330,00 dólares[1999]. Fecundidade: 3,24 por mulher. Analfabetismo: 26,5 (2.000). País turístico, com forte emigração. Com 10% da terra cultivada. Importação de alimentos.Crescimento de 8% ao ano. Expectativa de vida M/F: 67/72.

Guiné-Bissau

Em pleno continente, na costa ocidental africana encontramos a República da Guiné-Bissau, um pequeno país de 36.125 km2. População: 1.200.000. Língua: portuguesa(oficial), crioulo, e várias línguas nacionais (balanta, fula, manjaco, mandinga,entre as principais). Capital: Bissau : 233.000 habitantes (1995). Fecundidade: 5,99 por mulher. PIB: 218.000.000 de dólares. Renda per capita: 160 dólares (1999). População urbana: 24%. Terras baixas e pantanosas. A agricultura emprega cerca de 80% da força de trabalho. Produção: castanha de caju, algodão, arroz e coconote. Reservas de bauxita, fosfato e petróleo.Expectativa de vida M/F: 44-46,9. Perturbado o crescimento nos últimos anos por devastadora guerra civil.

São Tomé e Príncipe - Conhecido como “Paraíso perdido” e “paraíso africano”

Um pequeno país insular, a uns 300 km da costa do Gabão, no Golfo da Guiné, com uma área total de 964 km2 e uma população de cerca de 117.000 habitantes. Capital: S.Tomé(43. 420 habitantes). Moeda: dobra (=325 dobras por um dólar americano). Língua: português (oficial), crioulo e dialetos locais. Coberto de florestas tropicais. Tem importantes jazidas de petróleo que agora começa a ser explorado. Sua principal fonte de divisas é o cacau, que representa 90% das exportações. É formado por duas ilhas principais:a ilha de S. Tomé, a maior ilha do arquipélago, e a ilha do Príncipe e mais duas pequenas outras ilhas. Descobertas em 1471 pelos portugueses.PIB: 47 milhões de dólares(1999). Renda per capita: 270 dólares. Expectativa de vida M/F: 62,1/64,9. Fecundidade: 6,1 por mulher. Mortalidade infantil: 47%.População urbana: 46%.

Angola

É o maior e mais rico país africano de Língua Portuguesa. A economia é baseada na exploração de petróleo (na região de Cabinda, com a produção de 760.000 barris por dia) que representa cerca de 60% do PIB e na mineração, sobretudo de diamantes. Estradas e ferrovias destruídas por uma guerra civil avassaladora que durou 38 anos: de 1975 a 2001. Entre o governo de José Eduardo dos Santos, marxista ligado à União Soviética e o líder da UNITA, Sawimbi, anti-comunista apoiado pelas potências ocidentais.País com muitas matérias primas: pirite de ferro, planaltos férteis, pesca. Era no final do tempo colonial, em 1960, o segundo maior produtor mundial de café, depois do Brasil. Terra de origem da maioria dois escravos trazidos para o Brasil. Tem uma área de 1.246.700 km2 e uma população de cerca de 14.000.000 de habitantes. Situada na costa ocidental da ÁFRICA, Capital: Luanda (2.081.000). Outras cidades: Huambo, Lobito, Benguela. Idiomas:português (oficial), línguas regionais (umbundu, quimbundo,ovibundo, quicongo, , bacongo e outras). População urbana:34%. Fecundidade:7,2 filhos por mulher. Analfabetismo: 58,3 (19900 Expectativa de vida: M/F: 44, 5/47,1.
Moeda: kuanza. 1 dólar= 19,70 kuanzas (2001).
PIB: US# 8,5 bilhões.
Renda per capita: 270 dólares

Moçambique

Situado na costa oriental da África, tem uma área de 799.380 km2. e uma população de cerca de 20.000.000 de habitantes. De clima tropical.Dois grandes rios atravessam o país:o Zambeze e o Limpopo. A história moderna do país registra uma guerra civil entre a FRELIMO (de ideologia marxista), poder e a RENAMO(anti-comunista), de 1975 a 1992Essa guerra deixou um milhão de mortos, muitos refugiados e muita pobreza. Capital: Maputo (ex-Lourenço Marques): 989.386 habitantes. Outras cidades: Matola Rio, Beira, Nampula, Inhambane.Língua:Português(oficial) e línguas regionais: ronga, changane, muchope.
Moeda:metical. 1 dólar=20.900 (2001). PIB: 3.900 bilhões (1999). Renda per capita: 220 (1999).

Fecundidade: 5,86 por mulher
Analfabetismo: 56,1
Expectativa de vida M/F: 37,3/38,7
Mortalidade infantil: 127,7 %



4.Uma Cultura e uma Literatura.
Dois grandes motivos de aproximação entre o Brasil e a África

Para abrir esta parte que bate diretamente na porta das literaturas africanas, acho indispensável apresentar uma síntese do jornalista Rodrigo da Fonseca que pintou e descreveu no Jornal do Brasil de 5 de dezembro de 2000 o clima com que se vive o estudo das literaturas africanas no Rio de Janeiro:
- “O Brasil descobriu os africanos. Descobriu, gostou e adotou.

Pelo menos sua produção literária, que andou lotando as salas de aula onde era apresentada e chegou a ser um dos assuntos mais recorrentes nas dissertações de mestrado e teses de doutorado dos anos 90.

Com muita procura em um dos cursos universitários mais prestigiados do país, a Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, as disciplinas de literatura africana de língua portuguesa tornaram-se obrigatórias este ano na Ilha do Fundão. Esse prestígio acadêmico não poderia deixar de render frutos comerciais, como comprova a procura nas livrarias pelos livros de Pepetela, Mia Couto, Ruy Duarte de Carvalho e José Eduardo Agualusa, autores africanos publicados no Brasil pela Nova Fronteira e Gryphus.

Abrindo espaço para um panorama da arte do romance, incluindo conto e poesia nas regiões lusófonas do continente, chegou recentemente às livrarias África & Brasil: letras em laços (editora Atlântica), uma coletânea de textos de escritores de Angola, Moçambique e Cabo Verde comentados por pesquisadores brasileiros. Organizado pelas professoras Maria Teresa Salgado e Maria do Carmo Sepúlveda e com apresentação de Carmen Lúcia Tindó Secco, responsável pelo departamento de estudos africanos da UFRJ, o livro inclui diferentes gerações africanas.

De veteranos como o moçambicano José Craveirinha (ganhador do Prêmio Camões em 1991) e o angolano Luandino Vieira a outros, que começaram a aparecer no Brasil recentemente, como o caboverdiano Arnaldo Santos e a poetisa de Angola Paula Tavares. Além de um panorama da história da literatura na África de língua portuguesa”.

E mais adiante:

Conterrânea de falantes de francês e inglês com características diferentes e crescida no cerne das guerras de independência, as literaturas dos países lusófonos da África apontam invariavelmente para uma história nacional. Conhecê-las implica um mergulho em sua formação. O problema, aqui no Brasil, é que suas obras ainda esbarram no desconhecimento.

Quando se fala em África literária, se imaginam textos engajados e criadores negros. Puro reducionismo , explica Tereza Salgado.
Esse preconceito apontado pela professora Tereza se confirmou na dificuldade encontrada por Carmen Tindó - que além de apresentar África & Brasil contribuiu para sua pesquisa - para oficializar a obrigatoriedade das disciplinas africanas nas Letras. Meus colegas de docência e eu levamos anos reivindicando uma posição da reitoria. Sempre esbarrávamos na desculpa: por que africanos e não latinos, europeus e americanos?. Acho que a justificativa é lógica e óbvia quando se pleiteia o estudo de uma cultura que se desenvolveu a partir do português para um curso de língua portuguesa , ironiza.

Apesar das dificuldades, Tindó comemora as salas de aula lotadas. Nossa resposta a toda burocracia é o interesse dos alunos pelo desenvolvimento do português pelo mundo , explica. A vitória para os estudantes do ensino público de Letras foi elogiada por um dos maiores estudiosos da literatura escrita em português, o ensaísta e professor Silviano Santiago. A consagração do estudo das literaturas africanas nos apresenta um caminho de auto-conhecimento, uma vez que podemos conhecer um pouco mais sobre os efeitos da colonização portuguesa e suas heranças culturais.

Embora não seja muito a favor do rótulo obrigatório para nenhuma disciplina mas, no caso, acho que os alunos vão ter uma formação melhor , acredita.
Fora do cenário acadêmico, um projeto coordenado pelo escritor carioca Paulo Lins deve contribuir para a divulgação da literatura africana via Internet.

De volta ao Brasil após uma viagem à Ilha do Sal, em Cabo Verde, quando participou de um festival de cinema só com produções feitas na África, o autor de Cidade de Deus (Cia. das Letras) organiza um projeto com os atores Milton Gonçalves e Zezé Mota, o cineasta Zózimo Bubul e o núcleo paulista de cinema Dogma Feijoada, para montar um noticiário on-line com os lançamentos de livros e filmes africanos e com informações sobre os principais autores do continente.

A África conhece a literatura brasileira melhor do que nós, que não sabemos nada da arte deles. Por lá, eles lêem de Guimarães Rosa a Paulo Leminski, e consomem muito de nossos costumes através da teledramaturgia. A idéia de uma homepage que fale da literatura africana é um primeiro esforço para eliminarmos a distância entre nós, já que não recebemos quase nada do que é produzido pelos africanos , conta Lins.
Mas ninguém colhe mais frutos pelo reconhecimento acadêmico do que os próprios africanos.

Pelo menos é o que defende uma das autoras analisadas no curso de Letras e nas páginas de África & Brasil: letras em laços, a poetisa angolana Ana Paula Tavares, que esteve no Brasil em outubro para um seminário sobre política e representações literárias na Associação Latino-Americana de Estudos Afro-Asiáticos (ALADAA), localizado no campus da Universidade Cândido Mendes do Centro.

Segundo a escritora, o estudo internacional da literatura africana é o resultado de um processo de afirmação das diferenças culturais em cada país. Depois de clamar por nosso direito à autonomia política, agora buscamos acentuar nossas diferenças. Nossa literatura não é homogênea. Cada país do continente tem seus problemas e quer tratá-los à sua maneira. Assim como todo autor tem suas próprias inquietações, a crença de que vivemos uma africanidade é contrariada em nossa prática na afirmação das nacionalidades , diferencia. [Rodrigo da Fonseca].

O texto do jornalista Rodrigo da Fonseca é uma síntese admirável do que pode representar para nós o estudo das Literaturas africanas de Língua Portuguesa.

5. As diretrizes curriculares do MEC para o ensino fundamental e médio sobre História e cultura afro-brasileira

Os Cursos superiores de Letras não vão mais poder ficar indiferentes ao curso das Literaturas africanas de Língua Portuguesa. O Conselho Nacional de Educação acaba de aprovar a inclusão da História e Cultura afro-Brasileira no ensino fundamental e médio.

Em decorrência disso, as letras superiores do país deverão incluir as literaturas africanas para conhecimento e estudo dos jovens que freqüentam as escolas superiores brasileiras.

A este respeito é importante relembrar alguns dados.
O Brasil é o país de maior população negra do mundo, depois da Nigéria. O Censo do IBGE de 2002 constata que 45% da população do País é negra.
Deste fato surge um imenso campo de interesses políticos, comerciais, industriais e culturais. Ao mesmo tempo, há profundos laços históricos e uma grande afetividade que ligam o Brasil à África, como ainda recentemente ressaltou o escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana.

Em virtude das realidades étnicas e culturais específicas do Brasil, em parte pelo trabalho intenso do Movimento Negro e pela lógica sócio-cultural do país, foi promulgada pelo Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, em 9 de fevereiro de 2003, a lei 10.639/03, de autoria da deputada Esther Grossi (PT/RS), que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB) e inclui no currículo oficial dos estabelecimentos de ensino básico das redes pública e privada a obrigatoriedade do estudo da temática História e Cultura Afro-brasileira. O maior desafio a ser enfrentado após um ano de sua aprovação passou a ser o de colocar essa inclusão em prática de maneira eficaz e adequada nas situações cotidianas da vida escolar de todo o território nacional.

De acordo com a lei, o conteúdo programático das diversas disciplinas deve abordar o estudo de História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-brasileira devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar e principalmente nas áreas de Educação Artística, Literatura e História Brasileira.

Aconteceu porém que essa medida foi regulamentada em Parecer homologado em 2004, que estabelece as diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e traz orientações de como a lei deve ser implementada. Ela também faz parte do rol de ações afirmativas que devem ser implementadas pelo Governo Federal, como signatário de compromissos internacionais no combate ao racismo, e atende a uma demanda gerada pelo desconhecimento quase total, por parte de grande parcela dos brasileiros, das questões relativas às sociedades africanas e mais especificamente sobre as marcantes influências do povo africano na formação da sociedade brasileira.

Com apenas três artigos, a Lei determina que as escolas de ensino fundamental e médio, da rede pública e particular de todo o país, incluam no currículo a temática da cultura e história afro-brasileiras; indica as principais disciplinas que sofrerão modificações (História, Língua Portuguesa e Educação Artística); e institui no calendário oficial das escolas como Dia Nacional da Consciência Negra, o dia 20 de novembro.

Elaborado a partir de debates com a sociedade civil, o documento aprovado aborda também a questão da classificação da raça pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e aponta que o Estado deveria dedicar mais atenção às políticas desenvolvidas para a população afro-descendente.


6. Uma disciplina na raiz de uma modernização cuuricular

Depois de termos analisado rapidamente a proximidade étnica e cultural do Brasil e África, e de termos visto o Brasil como grande parceiro da Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa e da Lusofonia, depois de termos empreendido uma viagem aos países que criam a literatura que aqui discutimos, depois de termos sondado o entusiasmo com que esta literatura já se estuda e se pratica no Brasil, depois de termos tomado conhecimento da obrigatoriedade do estudo em nossas escolas do ensino fundamental e médio da História e culturas negro-africanas nas escolas brasileiras, resta-nos agora pensar que há todas as condições lógicas, culturais e educacionais para que as escolas de nível superior avancem e incluam em seus novos currículos de Letras, sobretudo na habilitação Português-Português, a disciplina Literaturas Africanas de Língua Portuguesa.

A inclusão dessa disciplina terá caráter de uma modernização curricular.
É oportuno lembrar como foi implantada e como cresceu o espaço para esta disciplina nos currículos superiores do Brasil.


6.1. A história desta disciplina no Brasil

Logo após as independências dos países africanos de Língua Portuguesa, em 1975. gerou-se no Brasil um movimento de atenção específica dos intelectuais para a África de Língua Portuguesa. Nesta operação, devemos registrar os trabalhos pioneiros da USP sob a coordenação do Prof. Fernando Mourão e da Revista África por ele dirigida dentro da USP assim como o trabalho das Faculdades Cândido Mendes no Rio de Janeiro, por ação direta dos Profs. João Carneiro e José Maria.

partir de 1979, sobretudo intensificaram-se e organizaram-se cursos, encontros, congressos a movimentação se acentuou. Certos empresários brasileiros freqüentavam estes cursos para colher dados mínimos sobre Angola e os demais países onde tinham intenção de investir.

As literaturas africanas tiveram ressonância no Brasil nas décadas de 70 e 80, períodos em que professores pioneiros trouxeram para os seus cursos de Letras, em diversas universidades brasileiras, textos de escritores africanos de língua portuguesa.

Este período áureo conheceu declínio em finais de 1989, pelas mudanças políticas ocorridas naquele país e a paralisação da coleção de autores africanos da Editora Ática.

Na Universidade de Brasília, logo no início da década de 80 foi incluída nos currículos de Letras, na graduação e Pós-Graduação a disciplina Literatura africana de Língua Portuguesa. Nessa altura, recebíamos a visita do grande especialista e pesquisador Manuel Ferreira da Universidade de Lisboa


6.2. Terminologia

Quando começaram a ser estudadas as literaturas africanas, o primeiro grande pesquisador que trouxe dados para o público foi o Professor Manuel Ferreira da Universidade de Lisboa. Foram seus livros e suas conferências e palestras os primeiros dados de pesquisa oferecidos à comunidade interessada no conhecimento da área.

O termo que ele veiculou em seus livros e palestras foi o de Literaturas africanas de expressão portuguesa. Porém, a partir do VI Congresso de Professores de Literatura Portuguesa, em Assis, SP, um grupo de professores e pesquisadores, por sugestão do Professor João Ferreira, começou a questionar essa terminologia. Esse questionamento foi imediatamente secundado pelos Professores da Universidade de S. Paulo Maria Aparecida Santilli, Benjamim Abdala Júnior , pela Professora Clélia Duarte, da Universidade Federal de Minas Gerais, a que aderiu também o Prof. Leodegário de Azevedo Filho, da UERJ.

O Prof. João Ferreira argumentava que a terminologia “literaturas de expressão portuguesa” era porfundamente ambígua, podendo ser interpretada como restos da linguagem colonialista. Parecia que adotar a terminologia de “Literaturas africanas de Língua Portuguesa” era mais soft, e mais certeiro, sendo o bastante para a nomenclatura pretendida, pois era o veículo lingüístico apenas o que interessava. No caso, a língua portuguesa.

O restante que era a cultura específica de cada país, as temáticas, as vivências, o jeito de falar, a maneira africana de criar os personagens e todas as demais manifestações culturais, ficariam salva. O grupo brasileiro, portanto, a partir de 1978, acertou que dali em diante iria empregar como linguagem unívoca o termo de “Literaturas africanas de Língua” e não o de “Literaturas africanas de expressão portuguesa”, que a forma veiculada em Portugal nos livros de Manuel Ferreira, sobretudo.

Logo no ano seguinte, no Seminário de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa realizado em Belo Horizonte por iniciativa de Clélia Duarte, Maria Aparecida Santilli, da USP, Manuel Ferreira da Universidade de Lisboa, João Ferreira da Universidade de Brasília e João Carneiro, das Faculdades Cândido Mendes do Rio de Janeiro, conferencistas do evento começaram a usar de vez essa terminologia em suas exposições e nos debates. Dali em durante a terminologia se firmou, o próprio Manuel Ferreira passou a adotá-la e assim ficou até hoje, tanto em Portugal quanto no Brasil, com alguma pequena exceção.

6.3. Um bom Projeto para a criação da disciplina Literaturas Africanas de Língua Portuguesa

Quando a direção de um Curso Superior de Letras tiver a idéia de introduzir no currículo a disciplina Literaturas africanas de Língua Portuguesa, terá todo um caminho de prioridades a observar. O cumprimento rígido dessas prioridades será a garantia do sucesso do próprio Projeto.

Vemos para a realização do Projeto três caminhos principais:
6.3.1. O Primeiro é a elaboração de um bom projeto
6.3.2. O segundo é a seleção, compra, constituição e organização de um acervo mínimo de bibliografia específica de Literatura africana de Língua Portuguesa, que se constituirá em ferramenta indispensável para a gerência do curso.
6.3.3. Garantido um acervo bibliográfico básico nas estantes da Biblioteca da Instituição, os professores e alunos terão uma maneira de dar seriedade profissional ao curso. Desse material partirá a organização das atividades curriculares, como o acompanhamento das aulas do curso, a pesquisa, a organização de seminários, os debates, as monografias, as leituras orientadas e os demais projetos, em campo aberto para a busca de novos conhecimentos.

6.4. Um acervo mínimo e digno de Bibliografia sobre Literaturas africanas de Língua Portuguesa

O que se depreende daqui é que é fundamental, antes de todas as demais etapas do projeto, um programa coordenado de constituição de uma biblioteca mínima de bibliografia africana de Língua Portuguesa, tanto em qualidade como em quantidade. Só após se solucionar este vazio que impede qualquer entusiasmo ou partida, será ético mobilizar os alunos para uma pesquisa de literatura africana, em qualquer instituição do país ou do mundo.

A ordem natural para um trabalho será começar por um projeto de onde constem prioridades: Primeira prioridade:definição da matéria nos programas institucionais, com indicação das coordenadas metodológicas e etapas a serem percorridas pelo projeto. A segunda prioridade é a constituição de um fundo bibliográfico mínimo sobre autores e obras de autores africanos de língua portuguesa, acompanhados de bibliografia histórica sobre África e bibliografia teórica e crítica sobre obras e autores africanos na esfera da CPLP.

A terceira prioridade e última etapa do projeto será a execução prática do programa com base na mobilização do interesse dos alunos voltado para a pesquisa e conhecimento literário na área destas literaturas. Nesta etapa é hora de formar grupos de pesquisa, organizar debates, seminários, mesas-redondas, simpósios, revistas, publicações. Tudo isto mobilizará ao grupo em torno de uma idéia e tornará o projeto fecundo.
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“Cresce a consciência de que a preservação do pluralismo cultural é a única forma de garantir que a nossa arte, a nossa literatura, juntamente com os outros elementos que definem a nossa identidade cultural se possam manifestar e florescer no espaço que lhes é próprio”(Luís Bernanrdo Honwana).

“Ultimamente registam-se alguns avanços nesta questão, como informam os noticiários. A Conferência Geral da UNESCO que neste momento está reunida em Paris acordou na necessidade de elaborar uma convenção internacional sobre a diversidade cultural.”(Honwana)

“Ora os nossos países caracterizam-se pela sua multiculturalidade quando não mesmo, de acordo com outras escolas de pensamento, multinacionalidade: coabitam no espaço delimitado pelas nossas fronteiras muitos grupos etno-linguísticos, alguns dos quais ostentando características de organização e historicidade que os definem como nações.

Em consequência, para além do português possuímos muitas outras línguas, algumas das quais com uma população falante muito superior à dos falantes exclusivos da língua portuguesa.

Isto significa que o fenómeno de desaparição das línguas por perda do seu espaço de exercício e até por extinção das comunidades suas falantes também ocorre entre nós”(Honwana).
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“A preservação da diversidade cultural deve ser feita principalmente no interior dos nossos próprios países.

São bem conhecidas as circunstâncias históricas e razões estratégicas que levaram à adopção, por parte dos nossos países, da língua portuguesa como língua de unidade nacional e língua oficial. Não são necessários argumentos para explicar que a língua portuguesa entra como matriz de uma identidade nacional que existe para além de todos os particularismos étnicos e linguísticos das diferentes parcelas dos nossos países.

O reconhecimento pelo movimento nacionalista desta identidade que se desenvolveu à sombra e a despeito da ocupação colonial, está na origem da afirmação dos nossos países como entidades políticas distintas e soberanas.

O seu desenvolvimento constitui o objectivo primeiro do nosso projecto nacional.
A língua portuguesa é a língua em que se expressa a soberania de qualquer país da Comunidade PALOP. É ela que permite dominar os instrumentos do progresso. É através dela que discutimos as grandes questões que o projecto nacional nos coloca e formulamos as soluções.


Construímos o essencial da nossa literatura no interior da única língua com vocação nacional - mas, tragicamente uma língua minoritária.

Contudo não ocorrerá a ninguém, tenho a certeza, pôr em causa a legitimidade do uso da língua portuguesa pelos nossos escritores ou a africanidade da literatura que em língua portuguesa se produz nos nossos países.

Podemos com orgulho dizer que temos sabido realizar na nossa prática a dimensão nacional que faz com que os nossos concidadãos se reconheçam nas nossas criações.
Mas temos a aguda consciência de que não se abriu ainda o espaço necessário para que outros possíveis escritores de outros universos linguísticos se possam vir acrescentar às nossas vozes, na representatividade também linguística que a nossa literatura não pode deixar de ter como objectivo.

Enquanto a nossa literatura for exclusivamente a que se produz em língua portuguesa, uma parte importante dos nossos concidadãos permanecerão receptores passivos dos nossos textos sem embargo da representatividade cultural ou do nível literário que possamos alcançar.

(Podemos ressalvar que mesmo em países onde só se fala uma única língua a maior parte dos cidadãos permanece receptora passiva, quando o seja, do texto literário. Mas aí as barreiras impeditivas são de outra natureza, que não cabe aqui discutir).
Será excessivo dizer que à escala dos nossos países o predomínio da chamada cultura aculturada, veiculada pela língua portuguesa, sobre as culturas puramente africanas reproduz, de alguma maneira, o mesmo quadro que leva os nossos países a reagir à escala internacional, em defesa do que consideramos a identidade nacional. Mas é inegável que as relações de poder que existem entre as elites dominantes nas cidades e a população camponesa se reproduzem na posição relativa entre o português e as outras línguas nacionais.

Em muitas circunstâncias do quotidiano do meu próprio país, Moçambique, o domínio da língua portuguesa é por si só uma qualificação considerada superior ao domínio de todos os conhecimentos tradicionais e quaisquer outras competências nas línguas vernáculas.”(Honwana)
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“Enquanto a nossa literatura for exclusivamente a que se produz em língua portuguesa, uma parte importante dos nossos concidadãos permanecerão receptores passivos dos nossos textos sem embargo da representatividade cultural ou do nível literário que possamos alcançar.

(Podemos ressalvar que mesmo em países onde só se fala uma única língua a maior parte dos cidadãos permanece receptora passiva, quando o seja, do texto literário. Mas aí as barreiras impeditivas são de outra natureza, que não cabe aqui discutir).
Será excessivo dizer que à escala dos nossos países o predomínio da chamada cultura aculturada, veiculada pela língua portuguesa, sobre as culturas puramente africanas reproduz, de alguma maneira, o mesmo quadro que leva os nossos países a reagir à escala internacional, em defesa do que consideramos a identidade nacional.

Mas é inegável que as relações de poder que existem entre as elites dominantes nas cidades e a população camponesa se reproduzem na posição relativa entre o português e as outras línguas nacionais.

Em muitas circunstâncias do quotidiano do meu próprio país, Moçambique, o domínio da língua portuguesa é por si só uma qualificação considerada superior ao domínio de todos os conhecimentos tradicionais e quaisquer outras competências nas línguas vernáculas.

Esta situação acarreta inevitàvelmente tensões e ressentimentos como os que foram acentuados pelo conflito civil que dilacerou o país durante quase duas décadas.
Seria injusto não indicar aqui o enorme esforço que os nossos países têm realizado, em meio de dificuldades conhecidas, no desenvolvimento de uma política linguística que tenda a prestar homenagem à essência multicultural das nossas sociedades.


Vemos no campo do ensino a alfabetização nas línguas maternas e a introdução de outras línguas nacionais quer como matéria, quer como meio de ensino nos primeiros anos do ensino primário.

Vemos nas emissões da rádio e da televisão e também em alguma imprensa local a utilização de outras línguas que não o português.

Vemos na actividade política, nas campanhas cívicas, na publicidade em geral, na música popular urbana a preocupação de utilizar a língua que em cada região do país possa veicular para o maior número possível de destinatários as mensagens que se pretende difundir.

São ainda modestos os progressos realizados, mas o mais importante é que cresça em nós a consciência do esforço que ainda há a realizar em direcção à consolidação do nosso projecto nacional.

O sabermos, por exemplo, que monopólio da palavra que vem sendo exercido pelos falantes da língua portuguesa só irá desaparecer verdadeiramente quando todas as nossas línguas tiverem conhecido o desenvolvimento que as torne também capazes de realizar a modernidade, isto é quando elas poderem expressar todos os conteúdos que importam á participação plena de cada comunidade na vida do país e no processo do seu desenvolvimento – isto é, o exercício da plena cidadania.

É essa a nova fronteira da africanidade, aquela que nos fará derrubar os muros internos da exclusão, não menos inadmissíveis do que os muros externos, os que retêm os nossos países no gueto do subdesenvolvimento e da dependência.

Temos de afastar do nosso quotidiano o eterno dilema com que nos afrontamos a cada passo, logo que procuremos os trilhos que conduzem ao progresso: Perdermo-nos totalmente das nossas raízes ou desistir de ser parte, ao lado de todos os homens e mulheres nossos contemporâneos, da grande aventura humana.”(HONWANA, Luís Bernardo. Literatura e o conceito de africanidade. I Encontro de Professores de Literaturas africanas de Língua Portuguesa. Universidade de S.Paulo. Centro de Estudos Portugueses. 27-30 de outubro de 2003).

Diríamos que um país como Brasil em que mais de metade da população é de origem negro-africana, tem entranhada em si a necessidade cultural de estudar seus antepassados e sua própria história étnica e cultural, de que a literatura é voz importante.

7. Um projeto para ficar

Para que tenha sucesso um projeto relativo à disciplina de Literatura Africana de Língua Portuguesa numa instituição de ensino superior é necessário que esse projeto em sua globalidade considere alguns aspectos essenciais:

-Inclusão da disciplina no Currículo
-Estabelecimento de um adequado Programa de ensino
-Constituição de um acervo bibliográfico básico e atualizado sobre a matéria
-Realização periódica de debates, mesas-redondas, seminários, congressos e seminários
-Visitas palestras de escritores africanos
-Movimento editorial que projete a publicação de uma revista e dos trabalhos de pesquisa realizados no âmbito do projeto
-Política institucional voltada para a atualização e modernização dos meios de informação referentes à matéria.


VII. COMO ESTÁ O PANORAMA DO ESTUDO DAS LITERATURAS AFRICANAS HOJE NO BRASIL


7.1. Diríamos que um país como Brasil em que mais de metade da população é de origem negro-africana, tem entranhada em si a necessidade cultural de estudar seus antepassados e sua própria história étnica e cultural, de que a literatura é voz importante.

8.2.Logo após as independências dos países africanos de Língua Portuguesa, em 1975, gerou-se no Brasil um movimento de atenção específica dos intelectuais para a África de Língua Portuguesa. No quadro deste movimento devemos registrar os trabalhos pioneiros da USP tendo em vista a ação do Prof. Fernando Mourão diretor da Revista "África" e de um grupo seleto de pesquisadores do Centro de Estudos Portugueses liderados pela Professora Maria Aparecida Santilli e Benjamim Abdala Júnior. De igual forma, devem ser lembradas, conforme já destacamos atrás, as Faculdades Cândido Mendes no Rio de Janeiro por ação direta dos Profs. João Carneiro e José Maria.

A partir de 1975, o Governo Brasileiro apressou-se a reconhecer as novas independências e a estabelecer laços de amizade e acordos de cooperação com esses países africanos.O Brasil passou a oferecer bolsas de estudo em todas as áreas de conhecimento.

A partir de então estudantes da Guiné-Bissau, de Cabo Verde, de S. Tomé, de Angola e de Moçambique vieram para Brasília e outras cidades brasileiras freqüentar cursos universitários ou o Instituto Rio Brancopara para obterem diplomas brasileiros ou a fim de se prepararem para a carreira diplomática.

Na plataforma interna, as Universidades modernizaram sua relação com a África. Organizaram-se cursos, encontros, congressos.Certos empresários brasileiros freqüentavam estes cursos para colher dados mínimos sobre Angola e os demais países onde tinham intenção de investir.

Na Universidade de Brasília, logo no início da década de 80 foi incluída nos currículos de Letras, na graduação e Pós-Graduação a disciplina Literatura africana de Língua Portuguesa.Nessa altura, havia intercâmbio com os africanistas portugueses mais em destaque entre os quais importa citar o grande especialista e pesquisador Manuel Ferreira da Universidade de Lisboa, autor dos primeiros livros sobre a África lusófona.

VIII - A REALIDADE ATUAL DA LITERATURA AFRICANA EM INSTITUOS SUPERIORES DE ENSINO NO BRASIL

Muitas e muitas universidades Institutos de Letras e Faculdades com seus cursos de Letras incluíram já a disciplina Literaturas africanas de Língua Portuguesa em seus currículos, promovendo cursos, atividades, simpósios. Entre elas, a Universidade de Brasília, a Universidade de S. Paulo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro –UFRJ, a Universidade Estácio de Sá- RJ, a Universidade Federal da Bahia -UFBa, a Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa, a Universidade Católica de Minas Gerais de Belo Horizonte e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul.