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Agualusa, escritor de Angola

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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Literatura Africana em Língua Portuguesa

http://www.prof2000.pt/users/hjco/alternativas01/Pag00008.htm

Não se pode falar da literatura africana sem se falar da "Negritude"; aliás, esta última constitui o tema fundamental da literatura africana.
A literatura africana de expressão portuguesa nasce de uma situação histórica originada no século XV, época em que os portugueses (cronistas, poetas, historiadores, escritores de viagens, homens de ciências e das grandes literaturas europeias) iniciaram a rota de África, continuando depois pela Ásia, Oceânia e América.

Gomes Eanes de Zurara, João de Barros, Diogo de Couto, Camões, Fernão Mendes Pinto, Damião de Góis, Garcia de Orta, Duarte Pacheco Pereira são alguns nomes cujo discurso é alimentado do "saber de experiência feito" alcançado a partir do século XV, em declínio já no século XVII) esgotado no século XVIII. A obra de Gil Vicente (século XVI) ou, embora escassamente, a de poetas do cancioneiros (séculos XIV e XV) ao lado das "coisas de folgar", foram marcadas pela expansão ao longo dos «bárbaros reinos». É uma literatura feita pelos portugueses, fruto da aventura no além-mar, no período renascentista, a que se denominou de literatura dos descobrimentos.
Esta literatura, nascida de uma experiência planetária, nada tem a ver com a literatura africana de língua portuguesa. Este registro serve apenas para contextualizar no passado fatos relacionados com o quadro cultural, político que século depois havia de surgir.

Com efeito, a partir do século XV, inicia-se o processo de colonização em África, o que condiciona, séculos mais tarde, o aparecimento de nova literatura, a literatura colonial (1900-1939).

Em que difere a literatura colonial da literatura dos descobrimentos?

Enquanto a literatura dos descobrimentos se baseava no relato de viagens feito por navegadores, escritores, comerciantes, etc.., e narrava fatos ocorridos ao longo dessas viagens, a literatura colonial retrata a vivência dos portugueses no além-mar. Nesta literatura, o centro do universo narrativo e poético é o homem europeu e não o homem africano. Era uma literatura profundamente racista, onde predominavam as ideias de inferioridade do homem negro, que teóricos racistas, como Gobineau, haviam derramado, e para as quais teria contribuído o filósofo Lévy Bruhl com a sua tese de mentalidade pré-lógica. Importa dizer ainda que, nesta literatura, a África era vista apenas como uma linda paisagem, ou um paraíso, e o protagonista dessa paisagem era o homem europeu. Trata-se, pois, de uma literatura caracterizada fundamentalmente pela exploração do homem pelo homem.
Continuando a travessia...

É preciso dizer que estes discursos racistas eram fruto da mentalidade da época, no ponto de vista político-social. Todavia, houve alguns escritores como João de Lemos (Almas Negras) e José Osório de Oliveira (“Roteiro de África”) que tentaram entender a mentalidade do homem negro, pois há nas suas obras uma intenção humanística.

São precisamente as duras e condenáveis características da literatura colonial, e os outros fatores como a criação e desenvolvimento do ensino oficial e o alargamento do ensino particular, a liberdade de expressão, a instalação da imprensa (a partir da década de 40 do século XIX) que vão propulsionar o aparecimento de uma nova literatura a que se convencionou chamar de literatura africana de expressão portuguesa.

Com efeito, alguns anos mais tarde, após a instalação da imprensa em Angola, ocorre a publicação do livro “Espontaneidade da minha alma” (1949) do angolano mestiço José da Silva Maia Ferreira, o primeiro livro impresso na África lusófona, mas não a mais antiga obra do autor africano. Anterior a esta, há conhecimento do poemeto da cabo-verdiana Antônia Gertrudes Pusish, "Elegia à memória das infelizes vítimas assassinadas por Francisco de Mattos Lobo, na noute de 25 de Junho de 1844”, publicado em Lisboa no mesmo ano.

Dessa forma, cursista, saiba que a literatura africana, como um conjunto de obras literárias que traduzem uma certa africanidade, toma esta designação porque a África é o motivo da sua mensagem ao mundo, porque os processos técnicos da sua escrita se erguem contra o modismo europeu e europeizante. John chamou-a de literatura Neo-africana por ser escrita em línguas europeias e para diferenciá-la da literatura oral produzida em língua africana. Nesta literatura, o centro do universo deixa de ser o homem europeu e passa a ser o homem africano.

É necessário frisar que este tipo de literatura, chamada literatura africana de expressão portuguesa, ganha uma nova especialização, tomando a designação de literatura de raiz africana. Esta literatura teve a sua origem através do confronto, da rebelião literária, linguística e ideológica, da tomada de consciência revolucionária a partir da década de 40 (século XIX). Importa referir que era uma literatura dirigida particularmente aos africanos e escrita em línguas locais em mistura com o "português", pois o propósito era tornar a escrita inacessível aos europeus, isto é, não permitir ao homem branco descodificar as suas mensagens. Daí a introdução nas obras de poetas angolanos (Agostinho Neto, António Jacinto, Pinto de Andrade, Luandino Vieira, etc.) de palavras e frase idiomáticas em quimbundo e umbundo, e em muitos outros autores africanos como Mutimati Bernabé João (Moçambicano).

Esta fase vai de meados da década de 40 até às independências (meados da década de 70). “A vida verdadeira de Domingo Chavier” de Luandino Vieira e “Sagrada esperança” de Agostinho Neto são textos impregnados de marcas visíveis da revolta política que mais se traduzem nos quatros cantos do mundo.

A literatura africana combate o exotismo sob todas as formas, quer se apresente recuperando narrativas tradicionais, quer utilize ritmos significantes emprestados das culturas populares.
Nilton Garrido - SEUC Sec - Turma SA

11 comentários:

  1. Antes literatura africana ou do descobrimento, depois literatura colonial mas sempre com o mesmo texto: o branco e seu discurso racista. Época lamentável onde o negro não tinha direito a sua própria estória. Hoje, uma nova realidade onde a cultura negra só vem contribuir com a literatura e com o ensino, onde o negro tem seu espaço e seu valor reconhecido.
    JOSIANE RIBEIRO XAVIER (Josy - Funorte)

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  2. A literatura vem retratar como o negro era tratado, com indiferença pelos brancos que alí permaneciam com seu discurso racista. Mais adiante a literatura evolui dando uma nova direção à estória. O negro agora pensa, age e assume o seu papel. Mas ainda hoje temos que nos policiar para não acabar como no passado, fingindo defender um ideal sem realmente acreditar nele.
    JOSIANE RIBEIRO XAVIER (josy - Funorte)

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  3. Em se tratando de Literaturas, anteriormente só se consideravam os acontecimentos referentes ao povo Branco, mesmo que em tais(acontecimentos)a presença do Negro era predominante. Com o surgimento da Literatura Africana a cultura, os valores atribuídos aos Negros vão se tornando mais reconhecidos. Porém, ainda existem preconceitos que tapam a visão de muitos não os deixando perceberem que o Negro deveria ser valorizado nõ apenas pelo fato de ser parte da história, mas por ser um indivíduo como qualquer outro.Por FLÁVIA Silva

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  4. O povo africano, assim como o povo brsileiro se confunde na situação de colonizado, o colizador europeu, tirou todas as riquezas inclusive a cultura. Os portugueses colonizaram a maior parte da África, escravizou o povo africano principalmente no brasil, o tratando como animal de tração nos engenhos de cana de açucar, as mulheres serviam como serviçais da casa e para os portugueses se liberinarem sexualmente. Do período colonial até a libertação dos escravos em 1813,neste período os negro eram tirados da África em navios negreiros para trabalhrem nas lavouras e nos engenhos,não tinham liberdade,nem sua cultura era aceita, apenas alguns poetas abolucionistas citavam em suas obras, os negros e os índios,em 1822,houve a proclamão da independência brasileira, mas o negro ficou sem emprego, viveu a criminalidade imposta a sua cor.Na África a independêcia aconteceu bem mais tarde, e culturalmente ficaram presos a cultura branca do povo português,se libertando na década de 40, nos mostrando o quanto se faz necessário cultivar as culturas africanas, principalmente, a literatura, rica na cultura e em símbolos africanos, motivo pelo qual nos proporcionará a entender um pouco de nossa cultura esta que está enraizada na cultura africana e indígina.

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  5. É incrível como o homem tem capacidade de realizar feitos tão vergonhosos para a sociedade. É fato que o homem assume um papel racista mesmo após muitos anos da abolição da escravatura, visto que, o negro é até hoje muito discriminado aonde quer que ele vá. Isso inclui empregos, educação, etc.

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  6. Mesmo com tanta adversidade a luta racial é coroada de sucessos. A história nos mostra o quanto árdua é esta batalha, mas é necessária e humanamente possível

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  7. NA PRÓPRIA LITERATURA OBSERVA-SE QUE O RACISMO ESTÁ PRESENTE EM ALGUNS TEXTOS, TANTO VISUAL QUANTO NA ESCRITA; ISSO DEMONSTRA QUE A SOCIEDADE SEGUE OS PARÂMETROS DO COTIDIANO, OS PENSAMENTOS, AS ARGUMENTAÇÕES DESDE OS TEMPOS PASSADOS.

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  8. Vencer o racismo foi e sempre será uma luta muito árdua.O negro sempre foi repugnado pelo branco o qual se julga superior.
    O racismo permanece em toda parte, principalmente quando alguém cria uma lei que dá direito ao negro de ir e vir ou de ser ingressado na sociedade.É apenas uma forma de mascará o preconceito.Ailce

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  9. A Literatura Africana em Língua Portuguesa tem todo um contexto histórico. Contextualiza os fatos passados e mostra o quadro cultural e político que séculos depois haviam de surgir. Percebe-se que a iniciação do processo de colonização da África que condicionou o surgimento da literatura “colonial” (1900-1939), que retratava a vivência dos portugueses no além-mar. Diferindo assim, da literatura dos “descobrimentos” que se baseava no relato de viagens feitas por navegadores, escritores, comerciantes, etc.
    Nota-se que a literatura colonial, é totalmente racista, já que o foco narrativo e poético é do homem europeu e não do homem africano. No séc. XIX com a criação e desenvolvimento do ensino oficial, a liberdade de expressão, a literatura africana de expressão portuguesa, que tinha como objetivo combater o exotismo sob todas as formas, quer se apresente recuperando narrativas tradicionais, que utilize ritmos significantes emprestados das culturas populares.

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  10. O preconceito social não é algo novo na nossa Sociedade, visto que já remonta a muitos séculos. E desde que o homem se entende por "homem" é comum nos depararmos com cenas em que o negro é tratado com um certo diferencial em relação ao branco.
    Porém em pleno século XXI é inadimissível que este preconceito ainda perpetue, principalmente no Brasil, uma vez que, "todos somos iguais perante a Lei". E será porque mesmo tendo uma Lei que garanta direitos iguais a todos cidadãos brasileiros ainda nos deparamos todos os dias, nas nossas mais diversas situações cotidianas com constantes cenas de racismo e preconceito social?
    Creio eu, que isto acontece pelo fato das pessoas se acharam "melhores" que as outras e também devido a esta Lei funcionar apenas na teoria, pois na prática, percebemos que tudo é bem diferente.

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  11. É inegável que o preconceito racial é algo que permeia em nossa sociedade à séculos. É comum ouvirmos em nosso cotidiano discursos repletos de traços que marcam o desrespeito para com negro. POR JACQUELINE SOUTO

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