Antes de tudo, cumpre assinalar que a alteridade, em África, foi muito mais do que uma simples técnica literária, ou um elemento de construção textual, em que locutor e interlocutor se põem frente a frente. Isso porque a literatura, no caso de África, surge, como vimos acima, de uma condição de hierarquia, de subjugo, em que o conflito, portanto, é a tônica principal, se não exclusiva, da relação ou do conjunto de relações entre colonizador e colonizado.
Dessa forma, tendo de usar a expressão da metrópole, não apenas do ponto de vista discursivo, como também comportamental e ideológico, e, no entanto, estando em notória situação de desajuste em relação às circunstâncias típicas do ambiente europeu, o africano constrói, a partir de então, sua alteridade com base numa defasagem, o que vem a culminar com complexos, desajustes, conflito interno...
Esse conflito — muito mais antropológico e sociológico do que simplesmente intelectual —, no caso da expressão portuguesa, em África, se resolve numa “tensão criativa”, em que a africanização do elemento lingüístico, a língua portuguesa, se dá com grande força. Tal fenômeno ocorreu, em grande parte, devido à flexibilidade fonética da língua portuguesa, que, pois, eliminou, em grande parte, no africano, o abismo que poderia existir entre querer-dizer e poder-dizer, dando, a ele, possibilidade de construir sua expressão sem abrir mão de suas especificidades culturais, expressão que buscava na realidade, na verossimilhança, seu maior refúgio e objetivo. Em suma, a alteridade, em literaturas africanas de expressão portuguesa, é técnica, mas, muito além, é tema — literário, social, humano.
As literaturas africanas de expressão portuguesa, como foi falado, vêm da negação da tentativa, por parte da metrópole, de impor seu modus vivendi e seu modus agendi sobre a colônia. O africano quer retratar o que tem de peculiar, e, com isso, contribuir com a História, não como mero simulacro de Portugal. Assim, os outros — o colonizado e o africanizado — têm suas vozes convergindo para a libertação do jugo colonial, conquistando sua dignidade como indivíduos e como sociedade.
Portanto, um importante elemento da alteridade no caso específico das literaturas de expressão portuguesa em África é o fato de que o “eu” africano se embate com o “outro” europeu, adotando-lhe a langue, mas tendo uma distinta parole, já que a língua é da metrópole, mas a fala é da colônia. Assim sendo, ao livrar-se, gradualmente, dos enfeites e das máscaras a que se submetia em face do colonizador, o africano é, a princípio, combalido em seu equilíbrio psicológico, mas, com o tempo, vai discernindo entre os valores alóctones assimilados, a fim de retirar, daí, alguma eventual característica que não seja de todo negativa .
Como fonte “oracular”, o africano elege o tema do regresso: regresso à época anterior à colonização, mas sobretudo regresso à infância, paraíso crepuscular de delícias e sabedorias...
A alteridade, como vimos, ao mesmo tempo ocorrendo no campo da técnica e da temática (pois é uma alteridade discursiva além de buscar libertar o colonizado dos pontos de vista ético, estético, psicológico e cultural fragmentados que a metrópole impunha), será uma alteridade que permanecerá na tentativa de resolução da angústia existencial que caracteriza o romance africano atual .
REFERÊNCIAS
CHABAL, Patrick, Angola: the weight of history. Hardcover: 2007
-----------, The postcolonial literature of lusophone Africa. Paperpeck, setember: 2002
ROSA, Manuel Ferreira. A Escola para Angola : Lema escola diferente In: Ultramar. - Vol. V, nº 2 (4º Trimestre 1964)
6 de Março de 2010 06:34
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http://www.revistafenix.pro.br/vol11Marcelo.php
http://compare.buscape.com.br/literaturas-africanas-e-afro-brasileira-na-pratica-pedagogica-amancio-iris-maria-da-costa-gomes-nilma-lino-jorge-miriam-lucia-dos-santos-isbn-8575263013.html
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http://www.pucminas.br/literaturas_africanas/index_padrao.php
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http://www.editoracontexto.com.br/produtos/pdf/DIASPORA%20NEGRA%20NO%20BRASIL_INTRODUCAO.pdf
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http://www.museuafrobrasil.com.br/apresentacao.asp
http://www.overmundo.com.br/agenda/mostra-de-cinema-da-africa-e-da-diaspora-negra-1
6 de Março de 2010 06:54
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http://www.portal.fae.ufmg.br/pensareducacao/arquivos/Indicleit/Culturanegraeeducacao.pdf
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Este texto e muito interessante pois retrata a historia do surgimento da literatura Africana, fruto do conflito cultural gerado entre Europeus/colonizadores e Africanos/colonizados.Onde o colonizado na sua resistençia ao opressor acaba por descobrir sua propria identidade cultural. MARIA IRENE.
ResponderEliminarO texto vem mostrar os embates dos africanos com os europeus salientando a língua e a alteridade em diversos aspectos.
ResponderEliminarO cidadão africano e as dificuldades de relacionamento com o europeu,tiram do africano a liberdade de ser um povo culturalmente livre devido a dominação de uma cultura dominate a do europeu,causando muitos conflitos principalmente cultural e linguístico.
ResponderEliminarOlá, Amarildo, Josiane,Rodrigo.
ResponderEliminarParabéns por terem visitado textos importantíssimos para a sua formação.
Abraço.
Generosa Souto
A reação diante da "alteridade" faz parte da própria natureza das sociedades. Em diferentes épocas, sociedades particulares reagiram de formas específicas diante do contato com cultura diversa à sua. É importante ressaltar que quando se fala em diversidade cultural há um grande estranhamento diante dos costumes de outros povos que são avaliados de forma distinta, e com a língua o conflito é cada vez maior.Pois diferentes indivíduos passa falar a mesma língua, mas a fala será sempre distinta.
ResponderEliminarAilce Oliveira.
Apesar de terem criado Leis, as Literaturas terem valorizado a cultura do negro, este ainda se sente preso a às vezas nem acredita no que lhe é dado como "direito". Isso pode ser atribuído ao fato de ainda existirem rastros da alteridade dos europeus em suas vidas. Porém, há a possibilidade de se desprenderem, valorizando a si próprio; sua língua, seus costumes, sua identidade.Por Flávia.
ResponderEliminarÉ interessante observamos que o povo africano, durante séculos, teve o seu espaço individual e social interditado por uma literatura alheia. Sinônimo de status superior, a literatura europeia lançava um olhar negativo ao mundo africano. Porém, em busca de uma identidade própria e libertadora surgem os conflitos entre colonizador e colonizado. Podemos dizer que o africano lutou para assumir seu papel de sujeito na História.
ResponderEliminarO contexto europeu, mesmo em épocas passadas, não outra cultura que não a sua. A literatura Africana não tem seu valor reconhecida e de certa forma os autores no anonimato.
ResponderEliminarAtravés da literatura o negro retrata a sua identidade, sua história, seus valores e cultura, começa a desafiar o Europeu e desligar das máscaras que foram colocadas pelos Europeus. É o momento do conflito.
ResponderEliminarA literatura colaborou muito para relatar a vida a que os negros eram submetidos, entretanto, por outro lado observa-se que o negro ainda é visto com preconceito e muitas vezes nao é reconhecido como herói de sua história... O negro lutou pela sua liberdade, hoje ele luta pelo reconhecimento!
ResponderEliminarVanessa Stephane
A alteridade, em literaturas africanas de expressão portuguesa, e técnica, mas muito além, é tema-literário, social, humano. O ofricano quer retratar o que tem de peculiar, e com isso, contribuir com a História, nao como mero simulacro de Portugal. Assim, os outros - o colonizado e o africanizado - têm suas vozes convergindo para a libertação do jugo colonial, conquistando sua dignidade como indivíduos e como sociedade.Um importante elemento de alteridade no caso específico das literaturas de expressão portuguesa em África é o fato de que o "eu" africano se embate com o "outro" europeu, adotando-lhe a langue, mas tendo uma distinta parole, já que a língua é da metrópole mas a fala é da coônia. Percebe-se que a alteridade permanecerá na tentativa de resolução da angústia existencial que caracteriza o romance africano atual.
ResponderEliminarA constante luta para lberadade negra deve ser sim releebrada,reconhecida e sob tudo respeitada, sao seres humanos racionais,mortais e este triste passado e ao mesmo alegre nos demostram um gostinho de vitoria.
ResponderEliminarO texto nos mostra a forma como os africanos retratam a sua literatura perante o mundo. Literatura esta que tem suas peculiaridades (questão da alteridade – já que nenhuma cultura é igual a outra) e importância na construção da nossa História,; e que é marcada por um constante discurso de liberdade desses negros oprimidos em relação aos demais povos, principalmente no que tange aos europeus.
ResponderEliminarO texto nos mostra que o homem africano e sua literatura sempre foram vistos como sendo sinônimo de inferioridade especialmente pelo homem europeu. POR JACQUELINE SOUTO
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