Alda do Espírito Santo, escritora de São Tomé e Príncipe

Alda do Espírito Santo, escritora de São Tomé e Príncipe
Alda do Espírito Santo, de São Tomé e Príncipe

Amílcar Cabral, escritor de Guiné-Bissau

Amílcar Cabral, escritor de Guiné-Bissau
Amílcar Cabral, escritor de Guiné-Bissau

Pepetela, escritor de Angola

Pepetela, escritor de Angola
Pepetela, escritor de Angola

Mia Couto, escritor de Moçambique

Mia Couto, escritor de Moçambique
Mia Couto, escritor de Moçambique

Alda Lara, escritora de Angola

Alda Lara, escritora de Angola
Alda Lara, escritora de Angola

Armênio Vieira, escritor de Cabo Verde

Armênio Vieira, escritor de Cabo Verde
Armênio Vieira, escritor de Cabo Verde

Agostinho Neto, escritor de Angola

Agostinho Neto, escritor de Angola
Agostinho Neto, escritor de Angola

Agualusa, escritor de Angola

Agualusa, escritor de Angola
Agualusa, escritor de Angola

sábado, 17 de abril de 2010

Literatura Africana em Língua Portuguesa

http://www.prof2000.pt/users/hjco/alternativas01/Pag00008.htm

Não se pode falar da literatura africana sem se falar da "Negritude"; aliás, esta última constitui o tema fundamental da literatura africana.
A literatura africana de expressão portuguesa nasce de uma situação histórica originada no século XV, época em que os portugueses (cronistas, poetas, historiadores, escritores de viagens, homens de ciências e das grandes literaturas europeias) iniciaram a rota de África, continuando depois pela Ásia, Oceânia e América.
Gomes Eanes de Zurara, João de Barros, Diogo de Couto, Camões, Fernão Mendes Pinto, Damião de Góis, Garcia de Orta, Duarte Pacheco Pereira são alguns nomes cujo discurso é alimentado do "saber de experiência feito" alcançado a partir do século XV, em declínio já no século XVII) esgotado no século XVIII. A obra de Gil Vicente (século XVI) ou, embora escassamente, a de poetas do cancioneiros (séculos XIV e XV) ao lado das "coisas de folgar", foram marcadas pela expansão ao longo dos «bárbaros reinos». É uma literatura feita pelos portugueses, fruto da aventura no além-mar, no período renascentista, a que se denominou de literatura dos descobrimentos.
Esta literatura, nascida de uma experiência planetária, nada tem a ver com a literatura africana de língua portuguesa. Este registro serve apenas para contextualizar no passado fatos relacionados com o quadro cultural, político que século depois havia de surgir.
Com efeito, a partir do século XV, inicia-se o processo de colonização em África, o que condiciona, séculos mais tarde, o aparecimento de nova literatura, a literatura colonial (1900-1939).
Em que difere a literatura colonial da literatura dos descobrimentos?
Enquanto a literatura dos descobrimentos se baseava no relato de viagens feito por navegadores, escritores, comerciantes, etc.., e narrava fatos ocorridos ao longo dessas viagens, a literatura colonial retrata a vivência dos portugueses no além-mar. Nesta literatura, o centro do universo narrativo e poético é o homem europeu e não o homem africano. Era uma literatura profundamente racista, onde predominavam as ideias de inferioridade do homem negro, que teóricos racistas, como Gobineau, haviam derramado, e para as quais teria contribuído o filósofo Lévy Bruhl com a sua tese de mentalidade pré-lógica. Importa dizer ainda que, nesta literatura, a África era vista apenas como uma linda paisagem, ou um paraíso, e o protagonista dessa paisagem era o homem europeu. Trata-se, pois, de uma literatura caracterizada fundamentalmente pela exploração do homem pelo homem.
É preciso dizer que estes discursos racistas eram fruto da mentalidade da época, no ponto de vista político-social. Todavia, houve alguns escritores como João de Lemos (Almas Negras) e José Osório de Oliveira (“Roteiro de África”) que tentaram entender a mentalidade do homem negro, pois há nas suas obras uma intenção humanística.

São precisamente as duras e condenáveis características da literatura colonial, e os outros fatores como a criação e desenvolvimento do ensino oficial e o alargamento do ensino particular, a liberdade de expressão, a instalação da imprensa (a partir da década de 40 do século XIX) que vão propulsionar o aparecimento de uma nova literatura a que se convencionou chamar de literatura africana de expressão portuguesa.
Com efeito, alguns anos mais tarde, após a instalação da imprensa em Angola, ocorre a publicação do livro “Espontaneidade da minha alma” (1949) do angolano mestiço José da Silva Maia Ferreira, o primeiro livro impresso na África lusófona, mas não a mais antiga obra do autor africano. Anterior a esta, há conhecimento do poemeto da cabo-verdiana Antônia Gertrudes Pusish, "Elegia à memória das infelizes vítimas assassinadas por Francisco de Mattos Lobo, na noute de 25 de Junho de 1844”, publicado em Lisboa no mesmo ano.
A literatura africana, como um conjunto de obras literárias que traduzem uma certa africanidade, toma esta designação porque a África é o motivo da sua mensagem ao mundo, porque os processos técnicos da sua escrita se erguem contra o modismo europeu e europeizante. John chamou-a de literatura Neo-africana por ser escrita em línguas europeias e para diferenciá-la da literatura oral produzida em língua africana. Nesta literatura, o centro do universo deixa de ser o homem europeu e passa a ser o homem africano.
É necessário frisar que este tipo de literatura, chamada literatura africana de expressão portuguesa, ganha uma nova especialização, tomando a designação de literatura de raiz africana. Esta literatura teve a sua origem através do confronto, da rebelião literária, linguística e ideológica, da tomada de consciência revolucionária a partir da década de 40 (século XIX). Importa referir que era uma literatura dirigida particularmente aos africanos e escrita em línguas locais em mistura com o "português", pois o propósito era tornar a escrita inacessível aos europeus, isto é, não permitir ao homem branco descodificar as suas mensagens. Daí a introdução nas obras de poetas angolanos (Agostinho Neto, António Jacinto, Pinto de Andrade, Luandino Vieira, etc.) de palavras e frase idiomáticas em quimbundo e umbundo, e em muitos outros autores africanos como Mutimati Bernabé João (Moçambicano).
Esta fase vai de meados da década de 40 até às independências (meados da década de 70). “A vida verdadeira de Domingo Chavier” de Luandino Vieira e “Sagrada esperança” de Agostinho Neto são textos impregnados de marcas visíveis da revolta política que mais se traduzem nos quatros cantos do mundo.
A literatura africana combate o exotismo sob todas as formas, quer se apresente recuperando narrativas tradicionais, quer utilize ritmos significantes emprestados das culturas populares.
Nilton Garrido - SEUC Sec - Turma SA

6 comentários:

  1. Este texto vem tratar da literatura africana que também foi chamada de literatura dos descobrimentos. Esta traz um aparte sobre o racismo, relatando mais à frente um tempo novo. Quem tinha a mente racista era influenciado pela época em que vivia. Felizmente tudo mudou, o negro com o passar dos tempos vem assumir o seu lugar. As obras literárias passam a falar de uma outra cultura riquíssima que vem dar sua importante contribuição para a arte literária, onde o negro tem seu valor reconhecido. Comentário feito por Josiane Ribeiro Xavier (Josy - Funorte)

    ResponderEliminar
  2. Diante de tanta discriminação que esta nação sofreu não podemos esquecer que o homem é um ser que está sempre sujeito a mudanças, portanto é preciso muita perseverança.

    ResponderEliminar
  3. A Literatura Africana em Língua Portuguesa tem todo um contexto histórico. Contextualiza os fatos passados e mostra o quadro cultural e político que séculos depois haviam de surgir. Percebe-se que a iniciação do processo de colonização da África que condicionou o surgimento da literatura “colonial” (1900-1939), que retratava a vivência dos portugueses no além-mar. Diferindo assim, da literatura dos “descobrimentos” que se baseava no relato de viagens feitas por navegadores, escritores, comerciantes, etc.
    Nota-se que a literatura colonial, é totalmente racista, já que o foco narrativo e poético é do homem europeu e não do homem africano. No séc. XIX com a criação e desenvolvimento do ensino oficial, a liberdade de expressão, a literatura africana de expressão portuguesa, que tinha como objetivo combater o exotismo sob todas as formas, quer se apresente recuperando narrativas tradicionais, que utilize ritmos significantes emprestados das culturas populares.

    ResponderEliminar
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  5. Este texto relata a história do negro desde o séc XV.Nesta literatura o destaque é o homem europeu (poético) e não o africano.
    De um lado temos uma literatura dos descobrimentos e do outro a literatura colonial a qual retrata a violência dos portugueses no além-mar.
    Nos países em que portugal, como colonizador, explorou por algum tempo, levando muitas de suas riquezes, deixou mesmo que sem querer uma herança que une mais de 35 milhões de habitantes africanos a oitava língua mais falada do mundo, o português.
    A litaratura africana traz a marca da negritude, o autor poético faz uma espécie de denúncia sobre a escravidão do "negro", na tentativa de enaltecê-lo e ter sua identidade reconheceida.
    Conclui-se que é uma literatura racista e o que predomina nela é a inferioridade da raça negra.
    Ailce Oliveira.

    ResponderEliminar
  6. O texto nos mostra um paradigma entre a Literatura Colonial – tomada pelo seu preconceito racista e tendo como foco apenas o homem europeu -, e a Literatura Africana (Literatura dos Descobrimentos) – que apesar de nos trazer vários relatos sobre a triste história de vida dos negros desde o século XV, que sofriam constantemente violência por parte dos portugueses -, nos mostra uma nova realidade do negro, que com o tempo foi conquistando seu espaço na sociedade e sendo reconhecido como um cidadão detentor de “direitos” e também de deveres como outro qualquer. E tudo isso só foi possível graças a grande contribuição desta Literatura Africana que valoriza os negros no que eles têm de melhor, através do “convite” a estes para a assunção de suas verdadeiras identidades.

    ResponderEliminar